As mais recentes investigações sobre terapêuticas de RNA – o ácido nucleico responsável pela transferência de informações do ADN – e as suas implicações no desenvolvimento, por exemplo, das vacinas contra a COVID-19, foram o ponto de partida para uma conversa multidisciplinar que reuniu, no passado dia 27 de novembro, no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (ICBAS), os/as docentes e cientistas Carmo-Fonseca, Luís Graça e Ana Delicado, da Universidade de Lisboa, e Heitor Alvelos, da Universidade do Porto.
O simpósio foi moderado por Ana Sofia Carvalho, do ICBAS, e Jorge Pedrosa, da Universidade do Minho, e abordou algumas das últimas descobertas do “parente pobre da ciência – o RNA”, como o qualificou Carmo-Fonseca, e a forma como o tema da saúde em geral é entendido pela sociedade.
Questões como a taxa de confiança da sociedade na indústria e na ciência, o interesse crescente do público sobre temas de saúde e a forma como as ciências da vida e da saúde podem unir forças com as ciências sociais e com a arte para melhorar a literacia estiveram no centro do debate.
Os participantes das várias áreas disciplinares trocaram impressões acerca do papel dos media na comunicação de ciência, e defenderam a importância das universidades no processo de tornar os cidadãos “mais bem informados” e “capazes de tomarem decisões em consciência” já que, em Portugal, como afirmou a socióloga Ana Delicado, “a taxa de confiança do público nos cientistas e nos profissionais de saúde é muito elevada”.
Uma reflexão conjunta sobre literacia, que “enfatizou a importância da contribuição de diferentes áreas disciplinares, na convicção de que no cruzamento de modos de olhar diversos pode surgir algo novo e mais acessível a diferentes públicos”, como afirmou Maria Strecht Almeida, docente do ICBAS, em nome da equipa de organização do encontro, que integra ainda Alexandra Moreira e Manuel Vilanova, também docentes da instituição.
Financiado pelo programa de Ciência e Sociedade da Federation of European Biochemical Societies, o encontro “Soluções de RNA” foi uma proposta da Sociedade Portuguesa de Bioquímica (SPB), ao enquadrar-se “na missão da SPB, que também visa promover a compreensão pública da ciência e sensibilizar o público para a importância da Bioquímica na abordagem de desafios societais”, conforme referiu Vítor Costa, presidente da SPB.
RNA: da ciência à arte
O evento integrou ainda a inauguração de uma exposição destinada a explorar a cultura visual da investigação em RNA.
Entre outro tipo de representações, imagens de autorradiografias ou de géis de eletroforese, diferentes tipos de micrografias ou heatmaps compõem esta mostra e convidam a uma “apreciação fora do habitual contexto dessas imagens, pelo potencial valor estético com que possam ser lidas”. “Uma outra forma de levar ciência a diferentes públicos”, resume Maria Strecht Almeida.
A exposição pode ser visitada até 13 de dezembro. no Foyer ICBAS/FFUP.