Das artes visuais à literatura, dos movimentos ativistas às questões de género sem esquecer as vicissitudes da era digital, mais de 20 intervenientes vão enquadrar Espessuras da [In]Visibilidade: Uma força que vem de dentro. Durante três dias, de 26 a 28 de outubro, as “Musas em Ação” vão passar pela Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto, pelo Instituto Politécnico do Porto e pelo Instituto de Pernambuco. Desta experiência resultará a inauguração de uma exposição da artista Rosana Ricald.

Serão três dias dedicados a “mulheres-pensadoras-investigadoras-autoras-artistas, todas (enfim)”. Um encontro que convoca ideias, convicções e quem esteve por trás destas intencionalidades. Quem resistiu, combateu e conseguiu deixar uma marca no contexto adverso no qual se inscreveu.

A abertura institucional do Seminário (ver programa) está marcada para as 9h30 do dia 26 de outubro,  na Casa Comum. Segue-se uma conferência plenária sobre O Feminino – o acolhedor por excelência. A diferença sexual em desconstrução, com Fernanda Bernardo (FLUC – IEF) e moderação de Hugo Monteiro (P. Porto – ESE/ IF).

Ao longo da manhã, haverá ainda espaço para a primeira das oito mesas-redondas que integram o programa do evento. Mulheres: E Contudo, Elas Moveram-se na Academia e nos Museus é o tema “chapéu” de uma sessão que vai abrir com uma reflexão de Ana Vale (FLUP- CITCEM/REMA) sobre as mulheres na Pré-história e a representação empobrecida da maternidade em espaços museológicos. Só tenho pena de não estar representada no Museu de Arte Contemporânea é a provocação de Sónia Duarte (Univ. NOVA de Lisboa – CESEM) que irá apresentar a iconografia musical pintada por quatro mulheres portuguesas na transição do século XIX para o século XX. Caberá a Raquel Pelayo (FBAUP/ i2ADS) e Teresa Fonseca (FAUP- CEAU) trazerem à discussão Aurélia e Sofia de Souza: A arte de contornar a discriminação de género na academia portuense de belas artes. 

Será com o foco na Escrita e na Resistência que se vão desenvolver as participações da tarde do primeiro dia, avançando, depois, para questões relacionadas com Raça, Classe e Género – Interseccionalidades. Don’t you stop me. I am dreaming. É o aviso de Cláudia Capela (ESEV- Politécnico Viseu) que acrescenta Então e agora (?): mulheres pelas mulheres, um diálogo interseccional. Já Ana Margarida Dias Martins (Univ. de Exeter-ILCML) propõe repensar a obra de Conceição Evaristo – uma Casa Escrevivência -, enquanto Carla Miguelote (Univ. Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO UNIRIO) coloca em cima da mesa o tema da (in)visibilidade lésbica dentro do feminismo e do ativismo queer. Mau lugar de fala, meu lugar de falha é o título da reflexão que nos propõe.

Claro que não poderiam ficar de fora as Musas na Era Digital. Maria de Fatima Lambert (P.Porto – ESE/INED) coloca-nos dentro de quarto(s) online com vista para o Rio de Janeiro – THE SPOT de Marguerite Tollemache.  Renata Frade (Univ. Aveiro / Univ Porto) apresentará o conceito de Technofeminism e Vanessa Badagliacca (Univ. Málaga) falará de Disorienting the Purchase. Postmodernist Objects for Sale in Flea Market. O Contributo dos recursos digitais para a igualdade de género (…) será dado a conhecer por Viviana Fernández Marcial (FLUP) e Júlia Reis Silva (FLUP). Os olhos nas mãos, a cabeça no coração é o título da apresentação de Diogo Marques (FLUP – CODA / ILCML).

Mulheres: Artes e Estado Novo é o tema de arranque do dia 27, na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto. Rui Maia (FLUP-CITCEM) irá recordar Helena Almeida: um corpo em escrita(s) de resistência(s); Joana Teixeira (FLUP) trará as Novas Cartas Portuguesas e O papel da mulher portuguesa durante o Estado Novo e Maria Luísa Coelho (Univ. de Oxford-CEHUM) irá posicionar-se Na Casa de Celestina: Paula Rego e a re-visão e (des)construção de arquétipos de género.

O dia trará outros temas a debate, tais como Mulheres: Ativismos e Movimentos para a Paz; Mulheres: Escrita e Resistência II; ou Musas: Ousadias experimentais. A conferência plenária de encerramento, com Fátima Outeirinho (FLUP – ILCML) e moderação de Marinela Freitas Univ. Porto – ILCML), será sobre: “Mulheres portuguesas em viagem, com livros de viagem: alguns apontamentos. 

Exposição e conversa com Rosana Ricalde

No dia 4 de novembro, com curadoria de Maria de Fátima Lambert, será inaugurada, no Instituto de Pernambuco, uma exposição de Rosana Ricalde, seguida de uma conversa com a artista.

Rosana Ricalde, que vive e trabalha em Coimbra, tem vindo a explorar formas que nos levem a questionar as fronteiras entre poesia visual e desenho. Procura histórias que se revelem através de uma espécie de linguagem secreta. Mensagens e narrativas que ecoam civilizações e histórias de outros tempos e outros mundos.

As obras de Rosana Ricalde vão ficar patentes o Instituto de Pernambuco. (Foto: DR)

A participação no 4.º Seminário «Musas em Ação – Espessuras da [In]Visibilidade» é gratuita, mas de inscrição obrigatória.

Este evento é organizado pelo inED (Centro de Investigação e Inovação em Educação) da ESE – Politécnico do Porto, em parceria com a Casa Comum/Reitoria da Universidade do Porto e o ILCML (Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa) da FLUP.

Dá continuidade ao ciclo iniciado em outubro de 2019, articulando-se ao Projeto de investigação InED-FCT: A [In]Visibilidade da Mulher na História: pensamento, ideias e obras, e contará com a participação de investigadores/as, artistas e autores/as de diversas proveniências.