Do programa fazem parte palestras, workshops, conversas, performances, projeção de filmes, uma tour feminista e uma Feira do Livro. O etceteras: festival feminista de edição e design vai acontecer dias 5, 6 e 7 outubro, na Casa Comum (à Reitoria) da Universidade do Porto. A entrada é livre, embora alguns dos eventos obriguem a inscrição prévia.

São três dias para celebrar o trabalho de “escritoras, editoras, designers, artistas, impressoras, livreiras, distribuidoras, tradutoras, investigadoras, bibliotecárias, contrabandistas—e tantes outres” que fazem circular as ideias feministas, afirma o comunicado.

Quem vai estar e como vão ser, então, estes três dias na Casa que temos em Comum?

Mulheres que revolucionaram a história

O arranque do festival, marcado para quinta-feira, 5 de outubro, faz-se logo pela manhã, às 10h00. Começará com uma Tour Feminista do Porto. O convite é para que sigam Alícia Medeiros, arquiteta, artista e investigadora e Isabeli Santiago, curadora, investigadora e escritora. Convém trazer um calçado confortável porque o objetivo é atravessar a cidade e recuperar a memória de escritoras, artistas, ativistas e outras personagens que ocuparam e revolucionaram o território e a história do Porto. O registo, para fazer este circuito, é obrigatório.

Às 13h00 inaugura a Feira do Livro. Nas bancas estarão livros, revistas, ilustrações, fanzines, edições, cartazes, jornais e muitas outras publicações que representam o legado da literacia feminista. No total, estarão presentes 26 editoras, livreiras, e coletivos editoriais nacionais e internacionais.

Uma hora depois, terá dois workshops à escolha. O coletivo de design Macheia apresenta Autoria Coletiva. Como o próprio nome já indicia, pretende-se fazer emergir o poder das identidades da comunidade que se manifesta em técnicas artesanais antigas. Este workshop experimental irá desafiar os participantes a cruzarem a narração de histórias e a sustentabilidade, enquanto reimaginam o conceito de autoria no design.

À mesma hora, a designer e investigadora Mio Kojima propõe Yours Truly, XOXO. É um convite para mergulhar na tradição feminista e pensar sobre as “redes temporais e espaciais” que as cartas podem criar. Com pequenos exercícios de redação, este será o formato de escrita a explorar, sem esquecer o carácter de intimidade que o caracteriza.

Quem preferir, também às 14h00, poderá ver o filme The Books We Made de Anupama Chandra e Uma Tanuku. Esta projeção permitirá conhecer a história de Kali for Women, a primeira editora feminista da Índia fundada por Urvashi Butalia e Ritu Menon, em 1984.

O filme “The Books We Made”, de Anupama Chandra e Uma Tanuku, passa no dia 5 de outubro, no auditório da Casa Comum. (Foto: DR)

Ir para além da história instituída

Às 16h00, o tema da primeira conversa será o Arquivismo como Memória Coletiva. Participam Paula Guerra, professora de sociologia da Faculdade de Letras da U.Porto e colecionadora de fanzines, e Joana Matias, investigadora e historiadora.

Neste sessão, vai falar-se sobre o processo de documentação de histórias marginalizadas e os desafios de procurar objetos e narrativas fora da história instituída.

“Para Não Esquecer Virgínia Quaresma”, filme do Grupo de Género e Performance (GECE), da Universidade de Aveiro, será exibido no dia 6 de outubro. (Foto: DR)

Joana Matias apresentará o seu percurso e estratégia de investigação sobre as publicações lésbicas do pós-25 de Abril. Já Paula Guerra irá debater a produção de conteúdos marginais, através de fanzines e cultura DIY. O encontro será moderado pela designer e investigadora Isabel Duarte.

A primeira palestra do Festival, às 18h00, tem por título O Movimento Women in Print. A historiadora Bec Wonders irá explorar as políticas revolucionárias da publicação feminista, a história das redes de impressão das mulheres e a forma como os documentos que resistiram ao passar do tempo ​​podem preencher lacunas de conhecimento.

Trazer à luz arquivos marginalizados

Durante três dias, o etceteras promete “colocar em cima da mesa” histórias de mulheres na publicação, ferramentas editoriais feministas, imprensa LGBTQIA+ e constrangimentos na escrita académica, assim como os mistérios da tradução, nas plataformas digitais feministas e na pesquisa de arquivos marginalizados.

Os filmes vão revelar editoras, jornalistas e escritoras que lutam pela conquista de espaços de disseminação de mensagem radicais e anti hegemónicas. Os workshops pretendem oferecer novas perspetivas sobre escrita criativa, tipografia, criação de zines, espaço urbano, entre outros.

O festival encerrará no final do dia 7 de outubro, sábado, com uma perfomance de voz e áudio pela artista Ece Canlı.

O etceteras: festival feminista de edição e design é coproduzido pela Associação Cultural Calote Esférica e pela plataforma feminista Futuress.

Para mais informações e inscrições, consultar a página do festival.