Chegou ao fim a escola de verão 1Health1Welfare, promovida pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (ICBAS), em parceria com a Faculdade de Ciências (FCUP), o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) e o Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO) da Universidade do Porto.

A primeira edição da formação contou com a participação de 10 estudantes e investigadores de diferentes áreas e procurou promover o conceito Uma Saúde através de uma forte aposta na vertente laboratorial vocacionada para a proteção da saúde e bem-estar humano e animal.

Vieram de várias áreas das ciências da vida e da saúde, e de vários pontos do país, para aprofundarem os seus conhecimentos no conceito One Health. Durante os meses de julho, agosto e setembro, os participantes desta iniciativa pioneira começaram por receber as bases curriculares sobre o conceito que interliga as saúdes humana, animal e do ambiente, para depois as aplicarem num trabalho de investigação em ambiente laboratorial.

Uma receita de sucesso que, nas palavras dos participantes, se revelou muito positiva: “Este curso deu-me uma grande oportunidade de adquirir conhecimentos multidisciplinares de que necessitava para a minha investigação, em particular sobre o bem-estar dos animais e o comportamento dos cães de abrigo”, revelou Sofia Morais, estudante do Mestrado em Biodiversidade, Ecologia e Alterações Globais da Universidade do Minho.

Segundo a mesma estudante, “a oportunidade de desenvolver trabalho laboratorial foi especialmente valiosa para mim, uma vez que, durante a minha licenciatura e mesmo no primeiro ano do mestrado, não tive muita exposição ao trabalho prático com animais”.

Óscar Fonseca, graduado em Bioquímica Clínica pela Universidade de Aveiro, destacou “as competências práticas adquiridas relativamente ao bem-estar animal na experimentação animal” como os ensinamentos mais relevantes do curso, juntamente com aprendizagem de “estratégias éticas e práticas para garantir o tratamento adequado dos animais de investigação, o que é fundamental para a integridade de qualquer estudo científico relacionado com animais”.

A forte componente laboratorial, que teve lugar num segundo momento do curso, e que ofereceu aos participantes a oportunidade de trabalhar numa das quatro entidades organizadoras, foi outro dos pontos positivos mais destacados.

“O estágio em laboratório aumentou a minha consciência sobre a importância de ter uma abordagem interdisciplinar para chegar a conclusões possíveis de serem aplicadas para melhorar a saúde e o bem-estar globais”, revelou Mariana Rebelo, estudante do mestrado em Bioquímica da U.Porto.

Mais veterinários no futuro

Manuel Vilanova, sub-diretor do ICBAS e responsável pela Summer School na instituição, reconheceu a importância do evento na promoção do conceito “bandeira” da escola: “Tratando-se de um curso direcionado para um reduzido número de estudantes, que vêm de diversas formações e que estão inclusive em diferentes estádios de formação, e de ser lecionado por docentes de várias áreas, permite-nos perceber como é que o conceito One Health poderá funcionar a nível de ensino”, revelou.

Para o futuro, os organizadores esperam captar uma maior diversidade de estudantes, incluindo os de medicina veterinária. “Há dois anos participámos numa mesa-redonda nas Jornadas da Medicina Veterinária da AEICBAS, onde foi notório que os estudantes queriam saber mais sobre investigação como atividade profissional. O objetivo desta escola de verão é precisamente dar a oportunidade de ganhar esta experiência”, realça Anna Olsson, a investigadora responsável do projeto.

A escola de verão terminou com a apresentação dos trabalhos de laboratório desenvolvidos pelos participantes ao longo da formação: “Além de apresentar o próprio trabalho, cada estudante foi também desafiado a colocar perguntas aos colegas, o que gerou uma discussão interessante”, remata Anna Olsson.