Será que um peixe pode dar forma à arquitetura? As primeiras respostas a esta pergunta começam a ser esboçadas e, no próximo dia 28 de setembro, serão partilhadas pelo investigador André Tavares, da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP), numa sessão que visa dar a conhecer e debater com o público os objetivos, hipóteses e resultados do projeto Fishing Architecture, uma investigação financiada pelo Conselho Europeu de Investigação (ERC) e em curso no Centro de Estudos de Arquitetura e Urbanismo (CEAU) da FAUP.

Perante os desafios iminentes da presente situação ambiental, este projeto utiliza a história material da arquitetura como uma ferramenta poderosa para fazer avançar a investigação interdisciplinar e, juntamente com ela, a nossa compreensão dos impactos ecológicos da atividade humana. Uma primeira hipótese é demonstrar que o ambiente construído é também uma expressão da fisiologia e comportamento de espécies marinhas, como o bacalhau, a sardinha e o atum. Através da análise de fatores históricos, geográficos, ecológicos e culturais as correlações entre contextos aparentemente independentes permite ter um novo entendimento da arquitetura, não apenas enquanto uma prática de natureza social, mas como uma atividade inscrita no âmbito das transformações ecológicas do planeta.

A partir de 28 de setembro, e ao longo dos próximos meses, estas são então algumas das questões que serão discutidas num ciclo de conferências por especialistas internacionais em campos como a história da ecologia e dos oceanos realizadas no contexto do projeto Fishing Architecture.

A conferência de André Tavares tem início às 18h30, no auditório da Casa Comum (à Reitoria) da U.Porto. A segunda conferência será realizada na FAUP pela investigadora Loren McClenachan, no dia 3 de outubro, tendo como tema os padrões históricos biogeográficos de grandes animais marinhos.

Ambas as sessões têm entrada livre.

Sobre os primeiros conferencistas

André Tavares (Porto, 1976) é arquitecto e doutorado pela FAUP, onde é investigador coordenador. Desde 2006 é coordenador da Dafne Editora, foi director do Jornal Arquitectos (2013-2015) e, com Diogo Seixas Lopes, curador-geral da Trienal de Arquitectura de Lisboa 2016, A Forma da Forma. Entre as suas obras destacam-se os livros The Anatomy of the Architecutral Book (Lars Müller/Canadian Centre for Architecture, 2016) e Vitruvius Without Text (gta Verlag, 2022).

Loren McClenachan é professora na Universidade de Vitória, Canadá, onde conduz investigação em história dos oceanos, ecologia e conservação marinha. A sua investigação integra as ciências da natureza, as ciências sociais e humanidades para quantificar e descrever as transformações ecológicas induzidas pela ação humana ao longo dos séculos.

Sobre o projeto Fishing Architecture

Fishing Architecture é um projeto de investigação do CEAU/FAUP, financiado pelo Conselho Europeu de Investigação, no valor de dois milhões de euros, que irá traçar uma história ecológica da arquitetura do Atlântico Norte a partir do bacalhau, sardinha e atum, em casos de estudo nos Estados Unidos, Canadá, Islândia, Inglaterra, Noruega, França e Portugal.