O investigador André Tavares, do Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (CEAU-FAUP), foi distinguido com uma bolsa de consolidação – Consolidator Grant – do Conselho Europeu de Investigação (ERC), no valor de dois milhões de euros, a aplicar no projeto “Fishing Architecture: The Ecological Continuum between Buildings and Fish Species”.
No projeto premiado, André Tavares propõe-se a traçar uma história socioecológica da arquitetura no Atlântico Norte a partir dos peixes. O objetivo é tornar “visíveis as interdependências entre os ecossistemas marinhos e as paisagens em terra, assim como avaliar o impacto ecológico das construções orientadas para a pesca”.
De acordo com o investigador da FAUP, “cada espécie tem naturezas e comportamentos específicos que dão formas a arquiteturas muito próprias”. O estudo pretende tornar mais claras as dinâmicas entre a arquitetura e a natureza, procurando mapear de que modo as decisões em terra têm impacto no mar ou onde existem relações cruzadas na história do Atlântico.
Ainda de acordo com André Tavares, a partir do projeto, “vamos olhar para o Atlântico Norte, cruzando lugares nos Estados Unidos com a Noruega, a Islândia, Portugal, França, Canadá e Inglaterra, e olhar para as flutuações das populações de peixe ao longo da história, com destaque para o final do século XIX e a primeira metade do século XX”.
Como exemplo, o arquiteto e investigador aponta a generalização dos frigoríficos nos Estados Unidos anos de 1950, fenómeno que teve um grande impacto nas populações de bacalhau na Noruega.
André Tavares quer traçar a história socioecológica da arquitetura no Atlântico Norte a partir dos peixes. Arquitectura do bacalhau, Lofoten, Março 2022. (Foto: DR)
Sobre André Tavares
Formado em Arquitetura pela FAUP, André Tavares (1976) é Investigador Principal no CEAU-FAUP. É, também, coordenador da Dafne Editora e programador de arquitetura na Garagem Sul do Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
Foi diretor do Jornal Arquitectos entre 2013 e 2015 e curador-geral, com Diogo Seixas Lopes, da Trienal de Arquitectura de Lisboa 2016. Entre as suas obras inclui-se o livro The Anatomy of the Architectural Book (Dafne Editora/Canadian Centre for Architecture, 2016) e Vitruvius Without Text (gta Verlag, 2020), o primeiro volume da série impressa e de livre acesso ‘gta edition’ da editora do Institute for History and Theory of Architecture da ETH Zurich.
632 milhões para 24 países…
Ao todo, o Conselho Europeu de Investigação atribuiu este ano 313 Consolidator Grants, o que representa um financiamento total de cerca de 655 milhões de euros, a distribuir por “cientistas e académicos de topo” (doutorados e com sete a 12 anos de experiência) de 42 nacionalidades em instituições de 24 países europeus.
A Alemanha e o Reino Unido foram os países que mais bolsas atraíram – 61 e 41, respetivamente – para aos seus centros de investigação. Seguem-se a França (29), os Países Baixos (27) e a Suíça (26).
Desde a criação destas bolsas (Consolidator Grants), em 2007 o ERC já financiou projetos de 45 cientistas portugueses ou estrangeiros a trabalhar em Portugal. Entre eles incluem-se os também investigadores da U.Porto Helder Maiato, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (I3S), Rita Covas e Miguel Carneiro, ambos do CIBIO-InBIO.