Chama-se competição celular e consiste em promover uma «luta» entre células de leucemia miéloide aguda resistentes à quimioterapia e células de leucemia geneticamente modificadas. O objetivo é que as células modificadas ganham a competição. Esta é a base do projeto de doutoramento de Marta Lopes e foi com esta ideia que conquistou uma «Disease Models & Mechanisms Conference Travel Grant», atribuída pela “The Company of Biologists” para apresentar o seu trabalho no Workshop da Inserm «Metabolism in the single cell era», que irá decorrer em Bordéus, França, de 20 a 22 de setembro.

Marta Lopes é estudante do programa doutoral de Ciências Biomédicas do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), e está a desenvolver o seu projeto sobre leucemia miéloide aguda no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), sob orientação do investigador Delfim Duarte, líder do grupo «Hematopoiesis & Microenvironments» e co-orientação da cientista Carla Oliveira, líder do grupo «Expression Regulation in Cancer».

A leucemia miéloide aguda (LMA) é um cancro hematológico agressivo, caracterizado pela proliferação descontrolada de células progenitoras mieloides na medula óssea e no sangue.

A resistência à quimioterapia está associada a um mau prognóstico em pacientes com doença residual mensurável (DRM), ou seja, que apresentem células neoplásicas resistentes à quimioterapia após o tratamento. Estas células apenas são detetadas por métodos muito sensíveis, mas são fundamentais para definir a decisão terapêutica, já que pacientes com DRM possuem maior probabilidade de recaída. O trabalho de Marta Lopes centra-se precisamente na necessidade de encontrar novas terapias direcionadas à DRM.

“Sabemos que as células quimioresistentes encontram-se em nichos específicos dentro da medula óssea e já foi provada a capacidade de outras células competirem contra as células de LMA. Por isso, o nosso objetivo é promover a competição celular entre células de leucemia que foram geneticamente modificadas contra as células de leucemia quimioresistentes para as mobilizar do seu nicho protetor e eliminar a DRM”, explica a investigadora.

Neste workshop da Inserm, explica Marta Lopes, “terei oportunidade de mostrar o meu trabalho e aprender mais sobre novas técnicas a nível de metabolismo celular com os melhores especialistas da área para poder aplicá-las no meu doutoramento”.