A docente Ana Silva Fernandes, da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP), esteve recentemente em Maputo (Moçambique) para participar na Escola de Inverno FAPF-UEM 2023, uma iniciativa da Faculdade de Arquitetura e Planeamento Físico da Universidade Eduardo Mondlane, em parceria com a FAUP, a FAUL, o projeto LUCO, a associação #MapeandoMeuBairro, o Museu Mafalala, a Associação IVERCA, a AVSI e os Arquitectos Sem Fronteiras Moçambique.

Com a duração de duas semanas, esta ação teve como objetivo contribuir para mapear e qualificar espaços de uso coletivo na Mafalala, assim como produzir tipologias habitacionais inovadoras em Chamanculo C, dois bairros antigos e autoproduzidos da cidade, que constituem simultaneamente marcos da resistência africana à administração colonial e berço da produção cultural nacional.

Para além da coorganização, do acompanhamento dos trabalhos de estudantes e da dinamização de atividades, o contributo específico da FAUP – dinamizado por Ana Silva Fernandes, docente convidada – consistiu no apoio, em exclusivo, à reconversão de um espaço na casa onde viveu Fany Mpfumo, reconhecido músico da marrabenta.

Este edifício é uma ‘casa de madeira e zinco’, tipologia recorrente nos bairros onde residia a população africana durante a administração colonial e onde não era permitida a construção com materiais mais perenes.

Embora a curta duração da iniciativa permitisse apenas uma qualificação limitada do espaço – criação de uma galeria comunitária de tributo à história do Bairro da Mafalala -, a intervenção foi pensada de forma a contribuir para a consolidação e melhoria do edifício, consistindo num contributo para a vedação de pontos de entrada de água no espaço, para o reforço estrutural da casa e para a qualificação dos seus acabamentos, em paralelo com a conceção da abordagem expositiva e a criação de um ambiente mais confortável para visitas e dinamização de atividades culturais comunitárias. Em simultâneo, esta ação permitiu aos estudantes o contacto com os trabalhos de limpeza e impermeabilização, produção de betão e assentamento de blocos, carpintaria e pintura.

Esta foi assim uma forma de desenvolver uma iniciativa de investigação-ação em que o resultado da produção conjunta de conhecimento fica livremente disponibilizado na comunidade que contribui para o produzir, em conjunto com associações da sociedade civil e com a academia.