O filósofo, escritor e ensaísta Paulo Tunhas, Professor do Departamento de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) e Investigador Principal do Instituto de Filosofia da U.Porto (IFUP), faleceu aos 62 anos, vítima de morte súbita.
Nascido a 18 de maio de 1960, no Porto, Paulo Tunhas (1960-2023) licenciou-se em Filosofia na FLUP e doutorou-se, posteriormente, na École des Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris. Professor na Universidade Fernando Pessoa (Porto) entre 1997 e 2008, regressou à FLUP nesse ano, assumindo desde então a docência de várias cadeiras de Filosofia Moderna e Filosofia Contemporânea da licenciatura em Filosofia, bem como de vários seminários de mestrado e de doutoramento.
Em paralelo com a docência, Paulo Tunhas destacou-se pelos seus contributos enquanto investigador do Instituto de Filosofia da U.Porto. Autor e co-autor de inúmeros livros e estudos em obras coletivas ou revistas de Filosofia, dedicou estudos a autores de todas as épocas e de diferentes domínios da filosofia e da literatura, de Platão e Aristóteles a Kant, Kierkegaard, Nietzsche, Freud, Karl-Otto Apel, Agustina Bessa-Luís, entre outros.
“Com uma curiosidade insaciável, aprofundou estudos em múltiplos âmbitos do pensamento, da literatura, da música, da arte, da filosofia política. Prolongando o enciclopedismo e o rigor do seu mestre mais apreciado, o filósofo Fernando Gil, construiu uma aproximação original à Filosofia a partir do problema do pensar, das formas de argumentar e das articulações sistemáticas entre diferentes questões e domínios do saber”, enaltece o Instituto de Filosofia.
Numa nota de pesar assinada por José Francisco Meirinhos, Diretor do Instituto e do Departamento de Filosofia da FLUP, o IFUP destaca ainda o “importante legado” de Paulo Tunhas “como filósofo, como investigador, como orientador, como colega, como amigo. Nesta situação muito inesperada e difícil para todos os seus colegas e estudantes, queremos recordá-lo pela sua disponibilidade sem limites para todas as solicitações. O seu agudo sentido da Filosofia, inteligência, erudição e humor inigualável deixam em nós uma marca indelével”, refere o Instituto.
O IFUP anunciou ainda a intenção de “proximamente homenagear o Professor e Filósofo Paulo Tunhas”, bem como de “prosseguir com a publicação de diversos trabalhos a que agora se dedicava com entusiasmo”.
Nas últimas duas décadas, Paulo Tunhas notabilizou-se também pelo seu trabalho como colunista em diversos órgãos de comunicação social, nomeadamente o jornal i e o jornal Observador, com o qual colaborava há vários anos.
“Uma figura maior”
O falecimento de Paulo Tunhas foi assinalado por figuras dos mais diversos quadrantes da sociedade portuguesa, incluindo o Presidente da República. Numa nota de pesar publicada no portal da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa recordou o percurso de Paulo Tunhas, a quem se refere como um “vigoroso e sofisticado colunista”.
Já Francisco Assis, presidente do Conselho Económico e Social, de quem Paulo Tunhas era orientador de tese de doutoramento, lembrou o investigador como “um homem absolutamente invulgar”. “É uma perda enorme, num país onde muitas vezes valorizamos autênticas mediocridades e esquecemos figuras maiores. E o Paulo Tunhas era inquestionavelmente uma figura maior“, acrescenta.
As cerimónias fúnebres de Paulo Tunhas “ocorrerão apenas dentro de alguns dias, dadas as circunstâncias de morte súbita, na sequência de agravamento das condições de saúde”, anuncia o Instituto de Filosofia da U.Porto.