É uma exposição que tenta responder a uma questão: Como compreender e situar a heterodoxa arquitetura de Raúl Hestnes Ferreira (1931-2018)? Para conhecer a partir de dia 11 de fevereiro, às 16h00. No dia da inauguração a entrada é livre. Hestnes Ferreira –  Forma | Matéria | Luz ficará patente até 29 de julho.

Após um exercício de observação e análise do extenso trabalho de Raúl Hestnes Ferreira, os três curadores, Alexandra Saraiva, Patrícia Bento de Almeida e Paulo Tormenta Pinto, formularam três conceitos operativos – Forma | Matéria | Luz. Este é o título, mas também uma forma de estruturar o percurso da exposição. Resultado da pesquisa realizada, e consequente leitura, os curadores selecionaram um conjunto de obras, desenhadas entre os anos sessenta e a primeira década do século XXI. Cruzaram ainda a obra construída com o processo de projeto documentado no arquivo doado à Fundação Marques da Silva.

O guião da exposição, com as referências às obras selecionadas (entre desenhos, fotografias e maquetes), estabelece um diálogo e faz uma incursão pelo percurso formativo e é complementado por alguns registos em vídeo. O visitante vai, assim, viajando por um itinerário em que se revela o significado do legado de Hestnes Ferreira. Um entendimento do seu modo de fazer arquitetura.

A exposição, que apresenta alguma documentação inédita, foi possível graças a um amplo processo de inventariação, tratamento e digitalização do acervo doado à Fundação Marques da Silva em 2018. O acervo foi organizado pela FIMS com o apoio da família do arquiteto Raúl Hestnes Ferreira, do Iscte-Instituto Universitário e da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).

A exposição resulta de um amplo processo de inventariação, tratamento e digitalização do acervo doado à Fundação Marques da Silva. (Foto: DR)

Sessões paralelas

Para aprofundar as perspetivas de aproximação à obra do arquiteto, foi criado um programa paralelo de ações que se traduz em cinco sessões de diferentes formatos, entre encontros e visitas guiadas.

No dia 25 de fevereiro, a sessão será conduzida por Ana Tostões. Bernardo Miranda será o nome que segue, a 25 de março. Depois será a vez de Alexandra Saraiva e Luís Urbano, dia 22 de abril. A sessão de 20 de maio ficará a cargo de Alexandre Alves Costa.

Este ciclo de sessões paralelas encerra a 17 de junho, dia em que Luís Pavão irá apresentar a sua perspetiva sobre a obra do homenageado.

Sobre Hestnes Ferreira

Filho do poeta e escritor José Gomes Ferreira, Raúl Hestnes Ferreira nasceu em 1931 na cidade de Lisboa. Estudou arquitetura na Escola Superior de Belas-Artes do Porto (antecessora das faculdade de Arquitetura e de Belas Artes da Universidade do Porto), tendo-se cruzado com quem viria a ser uma das principais referências na época: Fernando Távora. Estudou também na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, onde obteve o diploma de Arquiteto em 1961, mas a académica levou-o ainda para fora do país. Estudou na Finlândia e nos Estados Unidos, onde, graças a uma bolsa de estudo da Fundação Calouste Gulbenkian frequentou as universidades de Yale e da Pensilvânia.

O percurso profissional de Raúl Hestnes Ferreira passou por vários ateliers de arquitetura em Helsínquia, Lisboa, Filadélfia (onde colaborou com Louis Isadore Kahne) e, mais prolongadamente, no Porto, onde trabalhou com Arménio Taveira Losa e Cassiano Barbosa.

Desenvolveu ainda vários projetos com entidades públicas, nomeadamente com as Câmaras Municipais de Almada (1960-62), de Lisboa (G.T.H., 1965-68 e D.S.U., 1970-71) e de Beja e também com a Direção Geral das Construções Escolares (1970-80).

Morreu a 11 de fevereiro de 2018, em Lisboa, aos 86 anos de idade.

“A arquitetura de Hestnes Ferreira alcança uma sublime intemporalidade, seja através da simplicidade formal, ou pela expressão da matéria. Neste contexto, o espaço é o elemento agregador, sendo a construção o alicerce que lhe confere peso e proporção. A luz e a sombra são essenciais neste itinerário de abstração, criando momentos de singularidade que se fundem inexoravelmente na experiência de cada lugar.”, referem Alexandra Saraiva, Patrícia Bento d’Almeida e Paulo Tormenta Pinto.

Hestnes Ferreira –  Forma | Matéria | Luz pode ser visitada de segunda a sábado, das 14h00 às 18h00. O bilhete custa 3 euros, ou 1,50 euro para jovens, estudantes e seniores.