É uma homenagem da Universidade do Porto a um dos nomes mais conceituados das artes plásticas portuguesas, nascido há 78 anos, no dia 17 de fevereiro. Por isso, a partir desta data e até ao final do próximo mês de março, será nos corredores do terceiro piso do edifício da Reitoria que vai poder encontrar o quadro Nu, de Armanda Passos. A obra pertence à coleção do Museu da Faculdade de Belas Artes da U.Porto (FBAUP).

Armanda Passos morreu em outubro de 2021, com 77 anos. Para trás, deixou um legado marcado pela participação em inúmeras exposições nacionais e internacionais e pela ligação à Escola Superior de Belas Artes, precursora da atual FBAUP, onde fez a sua formação e foi docente.

A Universidade acabaria, de resto, por assumir um papel importante na divulgação do trabalho de Armanda Passos, através do acolhimento de várias exposições dedicadas à pintora. Entre elas incluem-se as duas – “Reservas” e “Obra Gráfica” – que integraram a programação do Centenário da Universidade, celebrado em 2011.

Em 2015, foi também no edifício da Reitoria da U.Porto que Armanda Passos apresentou a sua primeira exposição dedicada exclusivamente ao desenho.

Mais recentemente, em 2019, a academia celebrou os 75 anos da pintora com a exibição de Armanda Passos: 75 anos, 75 escritas, uma exposição composta por um conjunto de obras invulgares, onde a figuração da pintora se conjugou com a escrita que a sua obra gerou e inspirou ao longo dos tempos. Uma lógica que foi invertida através de 75 obras concebidas em guache, como forma de homenagear os autores que se debruçaram sobre o seu trabalho.

Intensa e complexa, a obra de Armanda Passos tem suscitado reflexões e textos produzidos não apenas por críticos da especialidade, mas também por escritores de várias sensibilidades, artistas e até historiadores. Entre os muitos intelectuais que se debruçaram sobre o seu trabalho podem citar-se Fernando Pernes, Mário Cláudio, José Saramago, Vasco Graça Moura, Urbano Tavares Rodrigues, Eduardo Prado Coelho, António Alçada Baptista, David Mourão-Ferreira, Armando Silva Carvalho, José-Augusto Seabra, Lídia Jorge, Luís de Moura Sobral, Raquel Henriques da Silva e José Augusto-França.

Ao longo da sua carreira, Armanda Passos alcançou importantes distinções, tais como o 2.º Prémio do Ministério da Cultura na Exposição Homenagem dos artistas portugueses a Almada Negreiros, Lisboa, 1984, a Menção Honrosa no VIII Salão de Outono – Paisagem portuguesa, Galeria do Casino de Estoril, 1987, a Menção Honrosa no III Prémio Dibujo Artístico J. Pérez Villaamil, Museu Municipal Bello Piñeiro, Ferrol, Corunha, 1990 e o Prix Octogne, Charleville (Mezières, França), 1997.

Armanda Passos representou Portugal em vários certames internacionais, por exemplo em Heidelberg, na V Biennal of European Graphic Art (1988); na Polónia, na Exposition Internationale de la Gravure – Intergrafia 91, no Pawilon Wystawowy Bwa, Katowice; e, em 1992, no Centre de la Gravure et de l’Image Imprimée, La Louvière, na Bélgica.

Por ocasião da sua morte, a artista vivia e trabalhava na Casa-atelier Armanda Passos, projetada pelo arquiteto Álvaro Siza Vieira.