A pintora Armanda Passos, uma das mais conceituadas artistas portuguesas contemporâneas e antiga estudante e docente da Escola Superior de Belas Artes do Porto (ESBAP) – antecessora da atual Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP) -, faleceu na madrugada desta terça-feira, aos 77 anos de idade.

Nascida em Peso da Régua em 1944, Armanda Passos formou-se em Artes Plásticas pela ESBAP – onde foi monitora de Gravura e assistente de Ângelo de Sousa – e expôs regularmente desde 1976, tendo participado em diversas exposições individuais e coletivas e representado Portugal em bienais internacionais.

Premiada em inúmeras ocasiões, a sua obra integra várias coleções privadas e públicas, das quais se destacam o Museu Nacional de Arte Contemporânea, a Fundação Calouste Gulbenkian, a Fundação Champalimaud, o Museu de Serralves, o Museu do Oriente, o Museu Coleção Berardo, o Museu da FBAUP, o Museu Amadeo de Sousa-Cardozo, a Casa-Museu Teixeira Lopes, a Casa José Saramago, a Casa Fernando Pessoa, o Tesouro da Sé Catedral do Porto, o Palácio da Justiça do Porto e o Palácio de Belém.

A sua obra suscitou igualmente o interesse dos críticos da especialidade, mas também de escritores de várias sensibilidades, artistas e até historiadores. Entre os intelectuais que se debruçaram sobre o seu trabalho incluem-se Fernando Pernes, Mário Cláudio, José Saramago, Vasco Graça Moura, Urbano Tavares Rodrigues, Eduardo Prado Coelho, António Alçada Baptista, David Mourão-Ferreira, Armando Silva Carvalho, José-Augusto Seabra, Lídia Jorge, Luis de Moura Sobral, Raquel Henriques da Silva e José Augusto-França.

Atualmente, é possível encontrar grande parte do seu trabalho artístico no Museu do Douro, no Peso da Régua, fruto de uma doação de 83 obras feita pela pintora e que estão expostas em permanência desde maio.

Armanda Passos formou-se em Pintura pela antiga Escola Superior de Belas Artes do Porto. (Foto: Egidio Santos/U.Porto)

A U.Porto perde “uma das suas principais referências estéticas”

Numa nota de pesar publicada esta terça-feira, o Reitor lamentou “profundamente” o falecimento de Armanda Passos, a quem se referiu como uma “amiga da Universidade”. “Com este triste desaparecimento, o país perde uma das suas mais notáveis artistas plásticas e a Universidade do Porto uma das suas principais referências estéticas”, refere António de Sousa Pereira.

“Armanda Passos estudou na Escola Superior de Belas Artes do Porto e manteve com a nossa comunidade académica uma ligação estreita e continuada, ao longo de mais de 40 anos”, lembra o Reitor, dando exemplo as “quatro grandes exposições dedicadas à sua obra” que a Universidade acolheu ao longo da última década (ver abaixo).

A terminar, António de Sousa Pereira destacou ainda “o reconhecimento da Universidade do Porto pela admirável carreira e extraordinária obra de Armanda Passos, a quem prestamos a nossa sentida homenagem”.

Uma década a celebrar Armanda Passos

Ao longo da última década, a U.Porto assumiu um papel importante na divulgação do trabalho de Armanda Passos, através do acolhimento de várias exposições dedicadas à pintora. Entre elas incluem-se as duas – “Reservas” e “Obra Gráfica” – que integraram a programação do Centenário da Universidade, celebrado em 2011.

Já em 2015, foi na Reitoria da U.Porto que Armanda Passos apresentou a sua primeira exposição dedicada exclusivamente ao desenho.

Mais recentemente, em 2019, a Universidade assinalou os 75 anos da pintora com uma exposição inédita – “Armanda Passos: 75 anos, 75 escritas” –  que combinou a sua obra com a escrita que a mesma gerou e inspirou ao longo dos tempos.

O funeral de Armanda Passos está marcado para sexta-feira, dia 22 de outubro, pelas 15h00, na Igreja da Lapa, no Porto.