O investigador emérito do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) e professor jubilado do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), Alexandre Quintanilha, vai ser distinguido no próximo dia 27 de novembro, com o «Grande Prémio Ciência Viva» 2020. Na mesma cerimónia, será atribuído o «Prémio Ciência Viva Media» à série de ficção «2’ Minutos para Mudar de Vida», produzida pelo i3S e pelo Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da U.Porto (Ipatimup).

Em comunicado, a Ciência Viva – Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica justifica a decisão de distinguir Alexandre Quintanilha pela sua “ação notável na promoção da cultura científica enquanto investigador, professor, autor e divulgador nas áreas da biologia e da biofísica”.

Doutorado em Física Teórica pela Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo (África do Sul), Alexandre Quintanilha, 75 anos, mudou-se para o Porto no início dos anos 90. Foi ali que fundou o Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) e presidiu à comissão de criação do maior consórcio de investigação nacional na área da saúde – o i3S – alinhando os esforços dos grandes laboratórios de saúde e investigação biomédica da Universidade do Porto.

“A área da ciência e sociedade tem sido central na atividade de Alexandre Quintanilha. A perceção do risco, a compreensão pública da ciência e os desafios éticos do melhoramento cognitivo são algumas das áreas em que trabalhou», sustenta, em comunicado, o júri da Agência Ciência Viva.

Em paralelo com um percurso científico amplamente reconhecido em Portugal e além-fronteiras, Alexandre Quintanilha foi um proeminente Professor Catedrático de Biofísica no ICBAS. Em julho de 2015, deu a sua Última Aula como docente daquele instituto da U.Porto.

A escolha de Alexandre Quintanilha para o Prémio Ciência Viva 2020 já mereceu, de resto, a reação do diretor do ICBAS: “Foi com enorme satisfação que recebi a notícia e rapidamente lhe enviei uma mensagem de congratulações que manifestavam a minha alegria pessoal e, enquanto diretor do ICBAS, a honra que esse prémio trazia à nossa Escola. O Professor Quintanilha respondeu-me que era estranho receber prémios por aquilo que gostamos de fazer Acho que não é necessário acrescentar mais palavras…”, frisa Henrique Cyrne Carvalho.

Em 2015, e após se ter jubilado como docente e investigador, foi eleito deputado na Assembleia da República, tendo presidido à Comissão de Educação e Ciência. Integra atualmente a Comissão de Ambiente, Energia e Ordenamento do Território.

“A defesa da tomada de decisões baseadas no conhecimento tem caracterizado a participação de Alexandre Quintanilha em debates públicos e na comunicação social, não se coibindo de intervir sobre temas fraturantes, como a despenalização do aborto ou a procriação medicamente assistida”, sublinha o júri do prémio.

Uma série que desafia a mudar comportamentos

Já o «Prémio Ciência Viva Media» distinguiu este ano a campanha de educação para a saúde «2’ Minutos para Mudar de Vida», da autoria da Unidade de Prevenção de Cancro do Ipatimup e do i3S, em parceria com a Fundação Belmiro de Azevedo.

“Pela primeira vez um programa sobre saúde foi exibido em horário nobre no canal 1 da RTP, promovendo a partilha de informação e desafiando o espectador a refletir sobre os seus comportamentos e a ousar a mudança”, justifica o júri.

Para Nuno Teixeira Marcos, coordenador da Unidade de Prevenção de Cancro do Ipatimup/i3S, “este prémio Ciência Viva orgulha-nos particularmente por ter sido um prémio inesperado, não-solicitado, por nomeação direta daquela que é a mais importante instituição de divulgação científica em Portugal”.

A série foi transmitida na RTP em horário nobre, tendo somado mais de três milhões de telespectadores. (Foto: DR)

Constituída por 20 episódios, «2’ Minutos para Mudar de Vida» foi transmitida na RTP em horário nobre e inseriu-se numa campanha multiplataforma – televisão, webmobile e sessões presenciais – de educação para a saúde que promove as mudanças de comportamento ao alcance de cada um para prevenir as doenças não-transmissíveis. A nível de audiências, os números também foram promissores: mais de três milhões de telespectadores viram os episódios.

A série – que continua “viva” nas redes sociais – também tem somado prémios e distinções além-fronteiras. Entre eles incluem-se o Telly Award Gold Winner na categoria ‘Television – Fitness, health and wellness’, o Telly Award Bronze na categoria ‘Television – Public interest / awareness’, ou o Prémio do público dos MEDEA Awards, como projeto europeu de media educativos mais votado da Europa. O projeto está ainda nomeado para o Prémio Nacional da Animação 2020 – na categoria de filmes profissionais – , cujo vencedor será conhecido no dia 27 de novembro, na Festa Mundial da Animação, organizada pela Casa da Animação.

Sobre os Prémios Ciência Viva

Os Prémios Ciência Viva são atribuídos anualmente a personalidades e instituições que se destacaram pelo seu mérito excecional na promoção da cultura científica em Portugal, de acordo com uma seleção feita pelos representantes das instituições científicas associadas da Ciência Viva – Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica.

Dos prémios atribuídos destaca-se o Grande Prémio Ciência Viva, entregue anteriormente a personalidades como o editor Guilherme Valente, o geólogo Galopim de Carvalho, o botânico Jorge Paiva, ou os físicos Manuel Paiva e Carlos Fiolhais. A lista de vencedores inclui ainda dois nomes incontornáveis da Ciência portuguesa e da Universidade do Porto: o patologista Manuel Sobrinho Simões e a astrónoma Teresa Lago.

A entrega dos Prémios Ciência Viva terá lugar a 27 de novembro, às 15h00, no Auditório José Mariano Gago, no Pavilhão do Conhecimento, em plena Semana da Ciência e da Tecnologia.

A cerimónia será transmitida via streaming através do YouTube.