Uma equipa da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e do CINTESIS – Centro e Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde vai auscultar a opinião dos diferentes atores do setor da saúde, nomeadamente médicos, professores universitários de Medicina e investigadores, sobre o estabelecimento de critérios éticos para a admissão de doentes em cuidados intensivos por Covid-19.
A questão já foi colocada em muitos países afetados pela pandemia do novo coronavírus e admite-se que venha a pôr-se também no nosso país.
“De momento, em Portugal, não existe restrição conhecida de acesso a cuidados intensivos. Ainda assim, preventivamente, importa que exista um quadro bem definido de priorização ética, caso se verifique escassez de recursos neste domínio”, defendem Altamiro da Costa Pereira (diretor da FMUP e coordenador do CINTESIS) e Rui Nunes (docente da FMUP e investigador do CINTESIS).
Para os coordenadores do estudo, é preciso antecipar a possibilidade de “uma procura desproporcionada de acesso a cuidados intensivos face à oferta existente durante um período concreto e específico”.
Quem deve ser prioritário?
O estudo prevê a realização de um questionário “rigorosamente anónimo”, cujos dados serão “imediatamente anonimizados após o seu tratamento informático, de acordo com o Regulamento Geral de Proteção de Dados”.
Em causa está a própria existência de critérios universais, explícitos, transparentes e consensualizados, a par de critérios clínicos, na admissão em cuidados intensivos.
No caso de impossibilidade de admissão simultânea dos doentes nestes serviços, pergunta-se o que deve ou não ser valorizado na priorização de doentes.
Os investigadores responsáveis querem ter respostas a questões como “A idade, por si, só, poderá ser o único elemento de decisão?” ou “Deve ter-se em consideração o princípio do custo de oportunidade?”
Aos interessados em participar neste estudo pede-se que estejam atentos à caixa de entrada do seu email.