Dois projetos liderados por investigadores do INESC TEC receberam o “Prémio de Inclusão e Literacia Digital”, promovido pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).
O primeiro trabalho premiado é o Sistema Integrado para Aumento da Autonomia de Cegos, liderado por João Barroso, investigador no Centro de Sistemas de Informação e de Computação Gráfica (CSIG) do INESC TEC. Este projeto que constitui um avanço ao nível das ajudas técnicas disponíveis para os cegos e que permitem aumentar a sua autonomia no dia a dia.
O projeto – que junta investigadores do INESC TEC e da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), onde João Barroso também é docente – combina tecnologias emergentes que permitiram criar uma solução que transmite aos cegos uma perceção do mundo circundante e facilita a sua interação com o ambiente. Isto não é possível com as atuais técnicas de apoio à autonomia de cegos, que recorrem a tecnologias tradicionais, específicas para determinadas tarefas, não tendo muitas vezes em consideração questões ergonómicas e de ubiquidade tecnológica.
O prémio inclui a instalação de um demonstrador, para disseminação da tecnologia num local público. Nesta instalação pretende-se criar percursos acessíveis que permitam divulgar as potencialidades do sistema e permitir a experimentação com pessoas cegas, alargando desta forma o estudo sobre a usabilidade do sistema e adaptando-se às necessidades e expectativas dos utilizadores.
Este projeto surgiu na sequência de outros três que envolveram também investigadores do INESC TEC e da UTAD: o SMARTVISION – Visão Ativa para os Cegos, o BLAVIGATOR – Um Auxílio Barato e Fiável para a Navegação dos Cegos, ambos financiados pela FCT, e o CE4BLIND – Context Extraction for the blind using computer vision, este último ainda a decorrer com a colaboração da Universidade do Texas e da ACAPO (Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal).
Durante este período foi possível desenvolver várias tecnologias que permitiram aumentar autonomia e a qualidade de vida de cegos, tecnologias essas que incluem diferentes sensores, GPS, RFID, triangulação de sinais de redes wireless, um módulo de visão artificial, ou mesmo uma primeira versão da bengala eletrónica com recurso à leitura de etiquetas RFID.
O segundo projeto premiado é liderado por Tânia Rocha, também investigadora do CSIG e docente na UTAD. Intitulado “Metáfora de interação acessível para navegação Web sem recurso a texto”, este projeto teve como objetivo contribuir para a democratização no acesso à Web a todos os utilizadores, independentemente do grau de literacia, assim como desenvolver uma interface de acesso universal à Web, apresentando uma alternativa de pesquisa alternativa ao texto.
O texto é a forma usual de acesso a conteúdos na Internet. No entanto, este limita a interação autónoma a pessoas com dificuldades ao nível da leitura e escrita. Para isso, desenvolveu-se no âmbito do projeto uma aplicação Web com funções de pesquisa por categorias representadas por ícones, sempre com ajuda áudio, e que funciona apoiada na interface do YouTube. Mais concretamente, os utilizadores clicam em ícones representativos de categorias em vez de inserirem uma palavra-chave no campo de pesquisa, podendo aceder assim a todos os vídeos apresentados no YouTube, numa interface alternativa acessível.
A cerimónia de entrega dos prémios realizou-se no dia 13 de setembro na Academia das Ciências de Lisboa.