Flávio Cruz é alumnus do curso de Engenharia Informática da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). Aparentemente, uma situação igual à de tantos outros estudantes graduados nesta faculdade. No entanto, há duas grandes diferenças: Flávio não só é uma das poucas pessoas que criou uma linguagem de programação de raiz, como foi já contactado para ingressar os quadros da Google. Por duas vezes rejeitou a oferta.
Com apenas 27 anos e após terminar o Mestrado Integrado em Engenharia Informática e Computação, Flávio Cruz fez um estágio de verão na Carnegie Mellon University (CMU), onde se ao Programa Doutoral em Ciência de Computadores, que está neste momento a terminar.
Antes um estágio de verão na Google Zurich, realizado no verão passado, Flávio recebeu duas propostas de emprego desta empresa, propostas essas recusadas. “É relativamente fácil recusar uma oferta quando uma pessoa é competente e gosta do que faz. Há sempre novas portas que se abrem”, conta-nos o alumni FEUP. “Apesar de ser uma opção financeiramente pouco vantajosa, o grande objetivo era terminar o doutoramento”.
Flávio Cruz é uma das poucas pessoas que criou uma linguagem de programação de raiz e explica-nos em que consiste: “Os programas escritos nesta linguagem são compostos por um conjunto de regras lógicas que operam sobre uma estrutura de dados apelidada de ‘grafo’. Um grafo pode ser visto como um conjunto de entidades e as relações entre elas. É fácil exemplificar com as redes sociais: os elementos são as pessoas que fazem parte da rede, que estão relacionadas entre elas por serem amigas umas das outras. Há, por isso, uma necessidade crescente de criar algoritmos para este tipo de estruturas. Esta linguagem lógica permite não só escrever programas sucintos, como torna mais fácil provar que os algoritmos escritos estão corretos e funcionam. Para além disso, a linguagem permite que os programas executem automaticamente em processadores paralelos, reduzindo o tempo de resolução.”
Esta linguagem dos ‘grafos’ foi criada no seio do grupo de investigação de linguagens de programação da CMU, composto por pessoas que criam regularmente novas linguagens de programação. Flávio refere que é “muito bom receber prémios de “best paper” dado que poucos são os investigadores que recebem esse tipo de prémio durante a carreira profissional”.
Este estudante graduado da FEUP foi então novamente contactado pela Google com uma oferta de emprego, a qual pretende, desta vez, abraçar. Passa então pelos seus planos futuros, no espaço de um ano, vir a trabalhar na Google da Califórnia, Mountain View, durante uns anos e depois voltar à sua nação berço, Portugal.