No início de 2013, o popular serviço de música Spotify passou a estar disponível para utilizadores em Portugal. Foi exactamente nessa altura que Pedro Pacheco, antigo estudante da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), leu uma entrevista com um português que trabalhava no Spotify e decidiu consultar o site. Surge então uma excelente notícia: o Spotifty estava a contratar em Portugal.
Com um mestrado em engenharia informática na FEUP, Pedro redigiu uma carta de motivação e submeteu-a juntamente com o CV. Cerca de uma semana depois é contactado para a primeira entrevista, que acontece via Skype. Um mês depois faz a segunda entrevista técnica por Skype e é selecionado para uma série de quatro entrevistas presenciais, três delas técnicas, em Estocolmo, num só dia.
O feedback foi sempre muito rápido a chegar. Do lado do Spotify, Pedro foi recebendo indicações das entrevistas realizadas por Skype no dia seguinte e, relativamente às presenciais, soube no próprio dia que tinha sido selecionado. E é assim que, no espaço de aproximadamente dois meses, se torna o mais recente colaborador do Spotify. “Fiquei bastante contente e com o ego em alta por ter sido o seleccionado. Telefonei logo aos meus pais a contar”, conta-nos Pedro.
A primeira semana e meia de trabalho foi passada num bootcamp introdutório, juntamente com 11 colegas de diferentes equipas, sendo que a grande maioria tinham também sido contratados recentemente. Foi lançado um desafio para trabalharem num projeto em conjunto e assistiram a um conjunto de palestras introdutórias relacionadas com o funcionamento interno da empresa e dos sistemas desenvolvidos. Após a semana de integração, junta-se à equipa de trabalho. Ao contrário do que acontece em muitas empresas, foi-lhe imediatamente atribuída uma tarefa específica onde começou desde logo a trabalhar.
Pedro está atualmente integrado na Content Squad (“Equipa de Conteúdos”), que é a equipa encarregue pela coleção musical disponibilizada aos utilizadores. Este “esquadrão” é responsável por receber os dados enviados pelas editoras, processá-los de forma a garantir a sua consistência e qualidade, e distribuí-los pelos data centers para que possam ser acedidos pelos utilizadores. Devido à grande quantidade de dados, há diariamente grandes desafios de performance e escalabilidade.
Até ao momento, o balanço que faz é excelente. “A empresa investe bastante na qualidade dos recursos que contrata, assim como no espaço de trabalho, para que as pessoas se sintam confortáveis para serem produtivas no seu dia-a-dia. Por exemplo, temos bastantes snacks gratuitos, assim como playstations, ténis de mesa, matraquilhos, mesa de bilhar, eventos sociais dentro da empresa, etc. Isto são coisas que ainda não são muito comuns em Portugal. O ambiente aqui acaba por ser bastante descontraído e, no trabalho em si, temos bastante liberdade e autonomia, e sinto que estou rodeado de pessoas extremamente competentes”, frisa Pedro Pacheco.
Claro está que, com tantos benefícios, a empresa exige altos padrões de qualidade. Outro dos grandes desafios é estar a par do que se passa na empresa e no desenvolvimento do produto, pois, apesar de recente, o Spotify tem uma estrutura bastante complexa e cheia de desafios.
Pedro não deixa de referir a importância da sua formação académica para garantir o sucesso no trabalho, pois “a 1º entrevista técnica foi uma entrevista bastante abrangente, que tocou várias áreas de Computer Science. Para essa entrevista foram importantes os conhecimentos adquiridos em diversas cadeiras do curso. Já quanto às restantes entrevistas, o facto de, durante o curso, ter participado em vários concursos de programação ajudou-me bastante na resolução dos problemas que me foram propostos.” Já para a execução das tarefas diárias, muitos dos conhecimentos adquiridos durante a formação académica são importantes mas, o grande fator diferenciador é mesmo a capacidade aprendizagem, desembarace e autonomia adquiridos ao longo dos cinco anos no Mestrado em Engenharia Informática.
Para terminar, pedimos a Pedro que deixasse um conselho útil a quem ainda está a estudar: “Durante o curso, não se limitem a trabalhar para as cadeiras do mesmo. É importante ter um bom percurso académico, mas há competências que dificilmente conseguirão adquirir durante o curso. Por exemplo, há bastantes empresas que valorizam a contribuição em projetos open source. Se pretenderem seguir uma carreira técnica numa empresa como o Spotify, Google, Apple, Microsoft, etc., é importante terem conhecimentos sólidos de algoritmos e estruturas de dados. Participarem em concursos da ACM (na FEUP há um grupo dedicado a estes concursos) e TopCoder são um treino bastante bom para as entrevistas técnicas com este tipo de empresas”.