Os primeiros resultados do programa de testes serológicos promovido pela U.Porto e realizado pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), entre os dias 24 de setembro e 15 de dezembro de 2020, junto de 6512 estudantes dos diferentes ciclos de estudo da Universidade mostram que quase 10% (634) dos estudantes testados apresentam anticorpos das classes IgM ou IgG para o vírus SARS-CoV-2, causador da Covid-19.

O programa, que ainda está em curso, concluiu igualmente que quase 9% (558) dos estudantes apresentam anticorpos da classe IgM – os primeiros anticorpos a serem produzidos pelo organismo, assim que existe infeção – e que quase 6% (380) têm anticorpos da classe IgG para o vírus SARS-CoV-2. Os IgG são os anticorpos de maior duração, que o organismo começa a produzir após a resposta imunitária inicial, feita com anticorpos da classe IgM.

A prevalência de anticorpos IgG foi maior entre os homens (7,1%) do que entre as mulheres (5,3%), apesar de em ambos os sexos se ter verificado uma proporção de 1,4% de estudantes (91) com história prévia de infeção por SARS-CoV-2.

Mais de metade dos estudantes testados tinham entre 20 e 24 anos de idade (54,5%), mas a prevalência de anticorpos IgM ou IgG foi superior entre os grupos etários dos 30 aos 34 anos e entre os indivíduos maiores de 40 anos – 13,5% e 16,1%, respetivamente. Em concordância, a história de diagnóstico prévio de infeção também foi superior nestes grupos etários.

Maior prevalência em estudantes com contactos de risco

Mais de metade dos estudantes testados vive na sua residência familiar habitual, ao passo que 9.6% são estudantes internacionais deslocados. Os restantes 33.7% estão deslocados, mas de dentro do país.

A prevalência de anticorpos IgM ou IgG foi sempre bastante superior entre os estudantes internacionais (18,1%). Já entre os estudantes que vivem na sua residência familiar habitual, 10,4% apresentaram anticorpos. Quanto aos deslocados nacionais, 8,8% apresentaram anticorpos.

Do mesmo modo, a proporção dos que referiram um diagnóstico anterior de infeção foi maior entre os internacionais (3,8%) em comparação com os não deslocados (1,2%) e com os deslocados nacionais (1,0%).

Entre os 878 (13,5%) estudantes que tiveram contacto com casos confirmados de covid-19, a prevalência de anticorpos foi de 20,5%, percentagem superior à dos que não tiveram contactos (8,0%).

A prevalência de anticorpos também aumentou com a presença de sintomas desde o início do ano: 20,1% entre os sintomáticos (com perda do olfato ou paladar ou com três os mais dos seguintes sintomas: tosse, dispneia, dor de garganta, dor de cabeça, vómitos ou náuseas, diarreia, fadiga, dor muscular, dor articular ou febre); 10,3% entre os paucissintomáticos (com um ou dois dos sintomas anteriores e sem perda do olfato ou paladar); e 7,5% entre os assintomáticos.

Entre aqueles com diagnóstico prévio de infeção por SARS-CoV-2, a prevalência de anticorpos IgM ou IgG foi de 86,8%. Já entre os que fizeram o teste, mas não tiveram diagnóstico, a prevalência foi de 10,7%, tendo sido de 8.1% para aqueles que nunca chegaram a fazer o teste.

Presença de anticorpos foi diminuindo com o tempo

A presença de anticorpos diminuiu com o aumento de tempo desde o diagnóstico, sendo de 76,9% entre os que tinham sido diagnosticados, entre um período de dois a cinco meses, e de 68,4% entre os que tinham tido o diagnóstico há seis meses ou mais.

Dos 91 (1.4%) estudantes que foram diagnosticados com SARS-CoV-2, mais de metade teve o diagnóstico em outubro. Nota-se, pela distribuição dos meses de diagnóstico da infeção, o aumento de casos a partir de agosto, tal como aconteceu no resto do país.

Sobre o programa de testes serológicos aos estudantes

Recorde-se que o programa de testes serológicos aos estudantes da U.Porto arrancou a 24 de setembro do ano passado e tem como objetivo informar sobre um possível contacto anterior com o vírus SARS-CoV-2 – causador da Covid-19 – determinado pela presença de anticorpos IgM ou IgG.

Para além dos testes aos estudantes, a U.Porto promoveu igualmente um programa de testes aos trabalhadores da Universidade, cuja segunda fase está em curso.