Uma equipa internacional liderada por investigadores da Johannes Gutenberg University (Mainz, Alemanha), e na qual esteve envolvido Henry Johannes Greten, professor convidado do Departamento de Produção Aquática do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), acaba de publicar um artigo no Bulletin of the World Health Organization, da Organização Mundial de Saúde (OMS), no qual identifica um conjunto de potenciais fármacos que podem ajudar a travar o SARS CoV2, o vírus responsável pela Covid-19.

No estudo, intitulado “Identification of novel compounds against three targets of SARS CoV-2 coronavirus by combined virtual screening and supervised machine learning”, foram consideradas algumas proteínas do novo coronavírus  (proteína da espícula, proteína da nucleocápside e 2′-O- ribose metiltransferase) como possíveis alvos farmacológicos.

A seleção de compostos que poderão interagir com esses alvos foi efetuada com base numa análise in silico segundo um fluxo de trabalho baseado em diferentes métodos (screening virtual, docking molecular e aprendizagem automática supervisionada) e com recurso a três bibliotecas químicas: uma de medicamentos aprovados pela FDA, e outras duas de produtos naturais.

Henry Johannes Greten é professor convidado do Departamento de Produção Aquática do ICBAS. (Foto: DR)

Recorrendo a uma estratégia de drug repurposing (reposicionamento de medicamentos), e com o apoio do supercomputador MOGON II,, os investigadores identificaram então um conjunto fármacos já aprovados – pela Food and Drug Administration (FDA – para outros fins, mas cujos compostos interagem igualmente com as proteínas alvo do SARS-CoV-2.

Entre os fármacos identificados incluem-se vários medicamentos aprovados para o tratamento do vírus da hepatite C (HCV) – paritaprevir, simeprevir, grazoprevir e velpatasvir – bem como para outras doenças.

Os autores notam que o resultado é apoiado por relatos de que os compostos anti HCV também são ativos contra o coronavírus da Síndrome Respiratória do Médio Oriente (MERS-CoV).

Para além de Henry Greten, o estudo contou também com a participação de Onat Kadioglu, Mohamed Saeed ( primeiros autores do trabalho) e Thomas Efferth, todos eles investigadores da Johannes Gutenberg University.