O Movimento “Me Too” e o cinema Queer serão o mote para os dois encontros que a Reitoria da Universidade do Porto vai acolher nos dias 1 e 4 de outubro, no âmbito da quarta edição do Porto Femme – Festival Internacional de Cinema.

O primeiro encontro acontece a 1 de outubro e traz ao edifício histórico da Universidade a investigadora Ana Lúcia e o investigador Alfredo Taunay para uma conversa centrada no Cinema Queer.

Ana Lúcia é investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, onde frequenta o doutoramento em Estudos Feministas, incidindo nas políticas de regulação de sexo (de pessoas trans e mulheres com hiperandrogenia) no desporto de competição. Alfredo Taunay é investigador bolseiro da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão, vinculado ao LabCom da Universidade da Beira Interior (UBI). É na UBI que está a fazer o Doutoramento, em Media Artes, sobre o Cinema Queer e a obra do cineasta brasileiro Karim Ainouz.

Três dias depois, a 4 de outubro, o Me Too, movimento que quis demonstrar a prevalência generalizada da agressão sexual e do assédio, especialmente no local de trabalho, será o gatilho para nova conversa, desta vez sob o mote #Metoo: (In)visibillidades e violências no cinema.

O encontro terá como base três filmes – Polifonia – Mulheres na Técnica (que será exibido na sessão e que aborda o mercado audiovisual brasileiro), Shibuya e Framed. São perspetivas sobre (in)visibilidades e formas de violência que caracterizam o mundo cinematográfico e que colocam em cima da mesa discussões como as assimetrias de género e de diversidade que persistem.

O que se pretende é fazer o mapeamento do caminho percorrido até aqui, mas também identificar desafios e formas de ação. Vão estar presentes no encontro investigadoras e ativistas que têm desenvolvido trabalho nesta área, nomeadamente Júlia Garraio, investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Érica Faleiro Rodrigues, docente e investigadora da Universidade Lusófona e Maria José Magalhães, docente na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da U.Porto e ativista da UMAR. A moderação caberá a Carla Cerqueira, docente e investigadora da Universidade Lusófona.

Ambos os encontros têm início às 17h00, no Auditório Ruy Luís Gomes. A entrada é livre, mas limitada à lotação do espaço.

Porto Femme: Celebrar o empoderamento e a igualdade

Abordar questões sociais e políticas que afetam as mulheres, dar voz aos feminismos, refletir sobre a diversidade de géneros e dar palco ao cinema feito no feminino… Tudo isto se enquadra nos objetivos da edição deste ano Porto Femme, que vai acontecer de 30 de setembro a 5 de outubro em vários espaços da Invicta.

Com 135 filmes em competição, de realizadoras provenientes de 25 países, o festival quis, por um lado, “reservar a tela para o trabalho desenvolvido por mulheres na sétima arte” e, por outro, apresentar “olhares distintos sobre diferentes temáticas”, explica Rita Capucho, diretora do certame.

Mais ainda, ao trazer à luz o trabalho de tantas cineastas, o Porto Femme propõe-se a combater “invisibilidades” e a promover o cinema no feminino, não só na perspetiva de quem o vê, mas, e acima de tudo, de quem como realizadora ou argumentista o produz. Sendo que, “pela emoção” que suscita, Rita Capucho acredita que o cinema “tem a capacidade de tocar as pessoas e de, efetivamente, as fazer refletir sobre estas questões”.

A intenção da XX Element Project – Associação Cultural, que organiza o festival, é a de sensibilizar, informar e despertar o público para o(s) contexto(s) vivido(s) pelas mulheres em todo o mundo. Daí o caracter musculado de palavras como “empoderamento” e “igualdade” no universo cinematográfico do Porto Femme e correspondente luta pela afirmação de uma sociedade mais inclusiva.

Para além da exibição dos filmes, o Porto Femme 2021 inclui também exposições, workshops, conversas e homenagens, bem como uma mostra de Cinema Queer, com curadoria do investigador Alfredo Taunay.

O Festival passará por outros locais da cidade como o Cinema Trindade, o espaço Maus Hábitos- Espaço de Intervenção Cultural e o Zero Lodge Box Porto.