Aos 54 anos, Paulo Pereira comandou recentemente a seleção nacional de Andebol ao seu melhor resultado de sempre num Campeonato da Europa. E é nesta modalidade que vem traçando todo o seu percurso, cuja história começa a ser contada em 1985, na Universidade do Porto…
A Educação Física sempre fez parte dos planos de Paulo, sonho esse que concretizou quando ingressou na então Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física – atual Faculdade de Desporto – da U.Porto. Obrigado a interromper o curso durante quatro anos, para cumprir o serviço militar, regressaria em 1990 para terminar a licenciatura cinco anos depois. Já com o foco virado para treinador de andebol, ingressa em 1996 no Mestrado em Ciência do Desporto – com a especialização em Treino de Alto Rendimento. Um momento que recorda como “a melhor escolha da minha vida, tendo em conta que dependemos de duas ou três boas/más decisões que determinam o futuro”.
A nível desportivo, Paulo Pereira iniciou o percurso como atleta de andebol no Clube Desportivo de Portugal, onde viria a estrear-se como treinador com apenas 17 anos. Ainda como atleta, passou pelo Salgueiros, Associação Académica de S. Mamede, Sanjoanense e Leixões. Enquanto estudante da U.Porto, representou a FCDEF nos campeonatos nacionais universitários e nos jogos universitários de andebol, no Brasil.
Em 2004, e já depois de duas experiências como treinador adjunto do Boavista FC e Futebol Clube do Porto, entra com o pé direito como treinador principal da equipa sénior dos dragões ao vencer, logo no ano estreia, o campeonato nacional e a Taça de Portugal. Nos dois anos seguintes somaria mais Taças de Portugal ao serviço da equipa portista.
À conquista do mundo
Mas o sonho de Paulo ia além-fronteiras. Após a passagem pelo FC Porto, decide aventurar-se por Espanha, onde treinou o Cangas. Seguiu-se uma experiência de quatro anos no andebol feminino em Angola, tendo liderado as seleções de juniores e seniores à conquista do título de campeão nacional africano. Depois do sucesso obtido em Angola, é convidado para assumir a seleção feminina da Tunísia, pela qual conquista novamente o Campeonato Africano de Andebol e a President´s Cup.
Selecionador nacional de Portugal desde 2016, vem acumulando também as funções de treinador do CSM Bucuresti, equipa romena que conduziu, em 2019, à conquista da EHF Challenge Cup, o terceiro maior troféu de clubes da Europa. Seguiu-se o “conto de fadas” do Europeu, que começou com o apuramento histórico e terminaria com a conquista do igualmente histórico 6.º lugar. O próximo desafio? A qualificação da seleção portuguesa para os Jogos Olímpicos de Tóquio!
Mas mesmo longe da Universidade, Paulo Pereira mantém-se no coração da sua alma mater. Prova disso foi o prémio de Mérito Excelência que lhe foi atribuído na Gala do Desporto da U.Porto 2019…
Paulo Pereira: “A Paixão é a primeira coisa que tem de existir”
Naturalidade? Amarante
Idade? 54 anos
– De que mais gosta na Universidade do Porto?
Nos tempos longínquos em que a frequentei, gostei do ambiente que se vive de trabalho e convívio em que a cidade e as pessoas muito contribuem para isso.
– De que menos gosta na Universidade do Porto?
Foram poucas as coisas de que não gostei.
– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?
Encontrar mais formas de abrir a Universidade à cidade, até para que se saiba melhor o que lá se faz.
– Como prefere passar os tempos livres?
Para além de ver muito andebol, gosto de cinema (com mensagem 😉) e fins de semana com amigos (gastronomia e conversas).
– Um livro preferido?
Trabalhar com inteligência emocional, de Daniel Goleman
– Um disco/músico preferido?
Apocalypse, dos Cigarets after sex.
– Um prato preferido?
Robalo grelhado.
– Um filme preferido?
Once upon a time in America (1984), de Sergio Leone.
– Uma viagem de sonho?
Embora conheça praticamente todos os países da Europa, gostaria de dar uma volta de carro pelo Sul.
– Um objetivo de vida?
Trabalhar como treinador de Andebol num país de referência da Europa central.
– Uma inspiração?
Nelson Mandela.
– O projeto da sua vida…
Ajudar os meus filhos a serem felizes, porque a minha esposa e eu já o somos.
– Um desejo para o Andebol em Portugal?
Desejo que o andebol em Portugal seja visto como uma atividade profissional capaz de alavancar e credibilizar a nossa sociedade.