“A Universidade é muito mais do que a Instituição que nos atribui um grau académico”, defende Nuno Ferreira. E o percurso deste estudante da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) tem sido a prova disso mesmo.

A indecisão entre Medicina ou Engenharia Informática perdurou até ao último momento, mas a escolha final acaba por levá-lo, em 2015, até à FMUP. Ali, Nuno acabou por encontrar a oportunidade de concretizar o desejo de poder ser útil para a sociedade, cuidando das pessoas que precisam de auxílio, “de uma forma humana e em proximidade”.

Foi também logo nos primeiros momentos enquanto universitário que a vontade de nunca querer estar parado fez com que Nuno Ferreira descobrisse e se interessasse pelo associativismo. A oportunidade de sair da zona de conforto foi o mote, mas a troca de experiências e as competências de trabalho, de relações interpares, de política ou gestão de pessoas, como o próprio afirma, confirmaram as expetativas iniciais.

Da experiência enquanto presidente da Associação de Estudantes da FMUP (AEFMUP), cargo que desempenhou entre 2018 e 2020, a vogal da Federação Académica do Porto, no mandato de 2019/2020, passando pelo Conselho de Representantes da FMUP, poucos foram os meses em que o jovem natural de Paredes não esteve envolvido em alguma associação estudantil.

Recentemente, o futuro médico da FMUP foi um dos quatro eleitos para representar a comunidade estudantil da Universidade do Porto durante os próximos dois anos, no Conselho Geral da U.Porto.

A frequentar o último ano do Mestrado Integrado em Medicina, que concilia com o Mestrado em Evidência e Decisão em Saúde, ambos na FMUP, os planos de Nuno Ferreira, pelo menos a curto prazo, passam por terminar os cursos e realizar a Prova Nacional de Acesso à especialidade médica. “Na AEFMUP lutei bastante pela existência de vagas na especialidade. Agora, chegou a minha vez de estudar e conseguir o meu lugar”.

Naturalidade? Paredes

Idade? 23

– De que mais gosta na Universidade do Porto?

Gosto da Universidade do Porto pela sua qualidade de Ensino e excelência, por dar ferramentas aos seus estudantes para singrarem. Um diploma da Universidade do Porto tem reconhecido valor e isso é fantástico. Faz sentir que vale todo o esforço para o conseguir.

– De que menos gosta na Universidade do Porto?

A perceção, por vezes difundida, de que a Universidade é apenas um conjunto de Unidades Orgânicas, Serviços Autónomos etc., que se encontram dispersos pela cidade e não se relacionam entre si. Na minha opinião, a Universidade deve caminhar no sentido contrário, ao fomentar a pluridisciplinaridade e promover a união entre as várias casas que a compõem. Por exemplo, uma das melhores experiências que tive no Ensino Superior foi frequentar a U.C. Ciência Política na FEP em troca de uma U.C. optativa na FMUP. Interligação entre as áreas do saber pode ser expandida e permitir aos estudantes personalizarem o seu currículo formativo de acordo com os seus objetivos, para que, no final, se sintam acima de tudo formados pela Universidade do Porto e não apenas pela Faculdade onde estudam.

– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto? 

No seguimento do que referi anteriormente, a expansão até certo limite dos ECTS permitidos a um estudante para realizar unidades curriculares noutras Unidades Orgânicas da Universidade do Porto, em particular nos cursos mais longos (como os Mestrados Integrados). No caso de Medicina, o máximo previsto no plano de estudos são 3 ECTS, mas deveriam ser mais, na minha opinião. “Um médico que só de Medicina sabe, nem de Medicina sabe”. No mesmo sentido, deve-se fomentar uma cultura de mobilidade entre as Unidades Orgânicas da Universidade, em busca de currículos mais diferenciados, para que se torne a regra e não a exceção (algo que perspetivo que aconteça também no âmbito da EUGLOH).

– Como prefere passar os tempos livres?

Acabo por dividir os meus tempos livres entre acompanhar as novas tecnologias e manter-me a par da atualidade política do país e do mundo. Estou sempre a fazer mais que uma coisa ao mesmo tempo, pelo que entre podcasts, vídeos, jogos e livros, arranjo sempre tempo e vou-me mantendo próximo dos meus interesses. Com a pandemia não tem sido fácil, mas gosto bastante de sair e de praticar desportos de grupo com os meus amigos, em particular o Futsal. Hábitos que, entre muitos outros, espero ansiosamente voltar a ter.

– Um livro preferido?

Breve História do Pensamento Económico, de Jacques Valier. Muitos outros livros me marcaram, mas considero que este teve o melhor rácio “pensamentos levantados/página lida”.

–  Um disco/músico preferido?

Não posso dizer que tenha um artista preferido, até porque vou tentando diversificar bastante, mas dentro dos que mais gosto posso destacar: Modestep, Netsky, Trivium e Breaking Benjamin.

– Um prato preferido?

Não há como dizer que não a uma bela Posta ao alho! Com legumes e batata frita.

– Um filme preferido?

Inception, de Cristopher Nolan.

– Uma viagem de sonho?

Sidney (Austrália). Sempre gostei da cultura aparentemente despreocupada que os Aussies vivem por lá, e gostava de a conhecer de perto. O facto de ser um destino tão longínquo também o torna atrativo.

– Um objetivo de vida?

Construir uma família feliz, sólida e estável.

– Uma inspiração?

Os meus pais, por me mostrarem que é sempre possível fazer mais e melhor. Bill Gates, por mostrar que boas ideias e perseverança podem mesmo mudar o mundo para sempre.

– O projeto da sua vida…

Considero que ainda é cedo para definir o projeto da minha vida. Fui tendo muitos projetos diferentes até agora, tendo-lhes dedicado grande parte do meu tempo, e tenho vindo a aprender muito com cada coisa em que me envolvi. Apenas o tempo dirá!

– Que importância atribui ao associativismo no percurso de um universitário?

Acho que é do mais fundamental a passagem pelo associativismo, nem que seja apenas durante um ano. Uma experiência que todos deveríamos ter. A Universidade é muito mais que a Instituição que nos atribui um grau académico. O curso habilita-nos a exercer uma profissão ou a desenvolver uma área do saber, mas no associativismo aprendem-se coisas que o curso não pode, naturalmente, ensinar. Competências de trabalho, relações interpares, política, gestão de pessoas, bens e projetos. Dei muito ao associativismo, mas creio que ele me deu muito mais.