Investigadora na área da genética há mais de 18 anos, Joana Marques esteve sempre dividida entre Portugal e o Reino Unido, até se estabelecer na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), em julho de 2016. No departamento de genética da FMUP, integra uma equipa de investigação ligada ao Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), dedicada à pesquisa em biologia reprodutiva e à utilização de células para modelar doenças neurodegenerativas.

Recentemente, a cientista natural do Porto foi notícia por descobrir que a enzima Tet3 pode ser usada como alvo terapêutico para tratar a ansiedade. Este trabalho de investigação, desenvolvido em colaboração com o ICVS/Escola de Medicina da Universidade do Minho, vem contribuir para uma melhor compreensão da regulação do comportamento. No futuro, esta descoberta pode levar ao desenvolvimento de novos tratamentos para as perturbações do espetro da ansiedade.

Formada em Biologia (2001) na Faculdade de Ciências da U.Porto (FCUP) e doutorada em Biologia Humana (2009) na FMUP, Joana Marques rumou mais tarde ao Reino Unido, onde concluiu o pós-doutoramento na Universidade de Cambridge. No laboratório Wolf Reik, estudou a regulação epigenética da pluripotência em células-tronco embrionárias de ratinhos.

Ao longo da carreia, foi acumulando diversas distinções, como o Prémio Jovem Investigador, da Sociedade Portuguesa Genética Humana (2003), o Promega Young Geneticist Award, da Genetics Society (2008) e a Medalha de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência, atribuído em 2010. Autora de mais de 25 artigos, a investigadora já viu alguns dos seus trabalhos publicados em revistas científicas como a The Lancet e a Nature.

Para o futuro, Joana espera conseguir fazer “mais e melhores descobertas” e ajudar os seus estudantes “a atingir a excelência.”

Naturalidade? Porto

Idade? 42 anos

– De que mais gosta na Universidade do Porto?
Do ambiente familiar e ao mesmo tempo cosmopolita, da qualidade dos seus docentes e investigadores, que torna o ensino e a investigação que aqui se fazem de excelência.

– De que menos gosta na Universidade do Porto?
De um problema transversal a outras universidades que é o da ausência de uma carreira de investigação. Sou investigadora há quase 20 anos e continuo com contratos a prazo, tal como os meus colegas. Inclusive, há cerca de um ano, eu estava desempregada…

– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?
Investir mais nos seus investigadores, proporcionando-lhes uma possível entrada nos quadros da Universidade através da meritocracia.

– Como prefere passar os tempos livres?
Como são poucos tento dar prioridade à minha família e brincar com os meus filhos.

Um livro preferido?
A sombra do vento, do escritor Carlos Ruiz Zafón, que faleceu recentemente. As intermitências da morte do nosso Nobel, José Saramago.

– Um disco/músico preferido?
O nosso Jorge Palma, todas as músicas e letras.

– Um prato preferido?
Arroz de tamboril, em Matosinhos.

– Um filme preferido?
Um filme para miúdos e graúdos que nos ensina muito sobre a nossa mente – Inside Out (Divertida-mente em português)

– Uma viagem de sonho?
Por realizar, Cabo Verde.

– Um objetivo de vida?
Ter sempre em mim todos os sonhos do Mundo.

– Uma inspiração? (pessoa, livro, situação…)
As pessoas que me rodeiam, a minha família, pessoas que trazem sempre um aconchego em tempos mais difíceis.

– O projeto da sua vida…
Pessoalmente, que os meus filhos cresçam a serem pessoas felizes; profissionalmente, tornar-me melhor no que faço com a ajuda dos que me rodeiam e fazer com que os meus alunos sejam melhores do que eu.