É um dos principais setores de atividade da economia portuguesa e a sua importância advém do facto de ser um setor que cria emprego, gera investimento e contribui com parte fundamental das exportações portuguesas. Falamos do setor da metalurgia e metalomecânica que, no final de 2019, representava mais de um terço das exportações nacionais, com as vendas para a União Europeia a crescer a um ritmo de 8% relativamente ao ano anterior.

Um crescimento que apenas poderá ser sustentado com a evolução constante dos processo produtivo, de forma a conseguir acompanhar os desafios do mercado. Uma das últimas tendências do setor prende-se com a adoção de novas gerações de aços de alta resistência mecânica, cujas propriedades permitem construir estruturas mais sustentáveis. Trata-se de um processo tecnológico com claras vantagens competitivas, mas que exige da parte das empresas do setor um maior esforço em termos de qualidade e precisão na soldadura, e um controlo de parâmetros mais rigoroso.

Reconhecendo a importância de soluções associadas à Indústria 4.0 (i4.0) para responder a este desafio, a Martifer Construções Metalomecânicas aliou-se à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) com o objetivo de implementar, na sua principal unidade de fabrico, soluções de digitalização e ferramentas de gestão e controlo, para interligar as áreas de fabrico, engenharia, planeamento e gestão de processo.

Ana Lourenço Reis, professora do Departamento de Engenharia Mecânica é quem lidera a participação da FEUP no projeto: “A Indústria 4.0 está em curso e vai passar a fazer parte do dia-a-dia da Martifer. As tecnologias digitais, aplicadas à indústria da construção metálica, vão permitir a flexibilidade e eficiência essenciais para realizar projetos de construção cada vez mais complexos e em prazos cada vez mais apertados”.

A empresa decidiu juntar também o INEGI ao desafio, reconhecendo a sua competência na área. “Os processos de fabrico de estruturas metálicas com aços emergentes, como são os aços de alta resistência e baixa liga (HSLA – High Strength Low alloy Steels), são mais complexos e os processos de corte, furação e soldadura requerem uma otimização e uma monitorização constante”, explica Ricardo Seara Cardoso, responsável pelo projeto no INEGI.

Para responder a esta necessidade, a Martifer vai apostar no desenvolvimento de soluções para aquisição de dados em ambiente industrial, ferramentas para registo de rastreabilidade da soldadura via digital e soluções de retrofitting. A meta final é aumentar a produtividade do setor da soldadura em 30% e a global em 25%.

Neste processo, o INEGI vai apoiar na implementação de sistemas de instrumentação e controlo de processos, na simulação e instrumentação dos ensaios de corte e soldadura de nova liga e contribuir para a definição do roadmap para implementação de soluções i4.0.

O projeto ‘AARM 4.0 – Aços de Alta Resistência na Metalomecânica 4.0’ é uma copromoção liderada pela Martifer Construções Metalomecânicas com a colaboração da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, cofinanciada pelo Portugal 2020, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.