A Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP) prepara-se para lançar o terceiro volume da sua coleção sobre o Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL), dedicado à operação SAAL realizada no Bairro das Antas, no Porto, dirigida pelo arquiteto Pedro Ramalho. A publicação é apresentada no dia 28 de outubro, quarta-feira, às 18h00, na FAUP, numa sessão que conta com uma conferência do arquiteto Pedro Ramalho e intervenções dos arquitetos Alexandre Alves Costa, Sergio Fernandez e Ana Alves Costa.

O projeto editorial ‘Cidade Participada: Arquitectura e Democracia – Operações SAAL’, é desenvolvido no seio do Grupo de investigação Arquitectura: Teoria Projecto História do Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo (CEAU) da FAUP. Cada volume é circunscrito a uma operação ou a um grupo de operações SAAL, de acordo com a área geográfica em estudo, e é coordenado por uma equipa de investigadores reunida especificamente para cada caso.

O terceiro livro da coleção, coordenado pelos arquitetos Ana Alves Costa e Sergio Fernandez, é dedicado à operação SAAL realizada no Bairro das Antas, no Porto, dirigida pelo arquiteto Pedro Ramalho. A ‘Brigada Técnica’ do projeto contou ainda com a participação de um grupo de então jovens estudantes finalistas e arquitetos da Escola Superior de Belas Artes do Porto (ESBAP) – precursora da FAUP e da Faculdade de Belas Artes da U.Porto (FBAUP) -, do qual  faziam parte Augusto Costa, Francisco Lima, José Lencastre, Lídia Costa, Mário Fróis Amaral, Pedro Borges Araújo, Teresa Fonseca e Vítor Bastos.

Uma viagem pela história

Esta nova publicação da FAUP vem então dar continuidade aos dois primeiros números já editados; o primeiro, sobre as operações desenvolvidas em Oeiras e, o segundo, sobre o Bairro de S. Victor, no Porto.

O livro reúne textos e reflexões sobre as circunstâncias nacionais que envolveram ou determinaram a existência deste tipo de ação de iniciativa estatal aberta à intervenção popular e artigos de pendor teórico e disciplinar, mais focados na própria Operação da Antas. A obra contém, ainda, testemunhos diretos da visão do seu autor e dos seus colaboradores, bem como textos, divulgados através de imprensa própria, dos moradores locais, protagonistas e principais destinatários.

Para além dos escritos de Alexandre Alves Costa, Ana Alves Costa, Ana Catarina Costa, Augusto Costa, Francisco Lima, José Lencastre, Mário Fróis Amaral, Nuno Brandão Costa, Pedro Borges Araújo, Pedro Ramalho, Sergio Fernandez, Teresa Fonseca e Vítor Bastos, a publicação é complementada com um grande número de elementos gráficos, incluindo desenhos de projeto, cartazes e fotografias de diferentes épocas.

A abertura da sessão estará a cargo do Diretor da FAUP, arquiteto João Pedro Xavier. A apresentação da coleção será feita pelo arquiteto Alexandre Alves Costa e por um representante da Editora Tinta da China e a apresentação do livro pelos arquitetos Sergio Fernandez e Ana Alves Costa.

A sessão conta com transmissão em direto online na página YouTube FAUP.

Sobre o SAAL

O Serviço de Apoio Ambulatório Local – SAAL constitui-se como um dos mais marcantes processos da arquitetura do século XX, com um carácter profundamente experimental. Criado por Despacho publicado a 6 de agosto de 1974, o SAAL visava “apoiar, através das Câmaras Municipais, as iniciativas da população mal alojada, no sentido de colaborarem na transformação dos próprios bairros”.

O serviço foi definido como um corpo técnico especializado que englobava, também, equipas multidisciplinares especialmente contratadas, designadas por equipas ou brigadas técnicas. Ao SAAL cabia a seleção dos casos, a avaliação da viabilidade urbanística, o traçado urbanístico e de loteamento, a elaboração de projetos de habitações e infraestruturas, e a assistência no lançamento e fiscalização das empreitadas de construção e na gestão social das organizações dos moradores. Às Câmaras competia o controlo urbanístico da localização e cedência dos solos. Se num primeiro momento se previa que fossem as Câmaras os interlocutores diretos das populações, a falta de regulamentação e a defesa de um processo mais célere levou a que fosse o SAAL a assumir esse papel.

Implementado em pleno processo revolucionário, o SAAL contemplava a iniciativa e a participação dos moradores organizados e a “apropriação de locais valiosos pelas camadas populares nele radicadas sob forma marginal”, princípios inovadores que permitiram que a atividade dos arquitectos estivesse articulada com os movimentos sociais, fazendo desta experiência um momento ímpar de defesa do “direito à cidade”.

Mais informações em www.arq.up.pt