A exposição a partículas poluentes presentes no ar – sejam elas de origem natural ou resultantes da atividade humana mediante, por exemplo, as emissões provenientes do tráfego automóvel e de instalações industriais – está associada a um maior risco de morte nos humanos. A conclusão/confirmação surge num estudo internacional recentemente ppublicitado na revista científica The New England Journal of Medicine e que contou com a participação de João Paulo Teixeira, investigador do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP),

As consequências funestas da poluição do ar  para a saúde humana estão há muito comprovadas. Na verdade, as partículas – uma mistura complexa de substâncias orgânicas e inorgânicas suspensas no ar, sob a forma sólida ou líquida, com diferentes tamanhos e propriedades químicas e físicas – representam um grande risco em termos de saúde pública, uma vez que são capazes de ultrapassar as defesas das vias respiratórias.

Foi preciosamente o impacto da exposição a essas partículas que se pretendeu avaliar na investigação agora publicada naquela que é uma das mais prestigiadas revistas cientificas do mundo na área da Medicina.

Partindo de uma análise inédita dos dados de poluição do ar e de mortalidade de 652 cidades de 24 países, incluindo duas portuguesas, entre os anos de 1986 e 2015, a equipa de investigadores – que integra a rede internacional Multi-City Multi-Country (MCC) Collaborative Research Network – conseguiu estimar o impacto da exposição, a curto prazo, a partículas PM10 (partículas com um diâmetro aerodinâmico inferior a 10 µm) e PM2.5 (partículas mais pequenas, com um diâmetro aerodinâmico inferior a 2.5 µm) na mortalidade, incluindo o número de óbitos provocados por doenças respiratórias e cardiovasculares. E os dados não são animadores…

Mesmo uma baixa exposição contribui para um maior risco de morte

Os investigadores concluíram que mesmo a exposição a uma baixa concentração de PM10 e PM2.5  – durante um período de tempo reduzido, contribuiu para um maior risco de morte.

“Este trabalho é extremamente importante pela escala global em que foi conduzido e pelas implicações dos resultados obtidos que exortam as autoridades regionais, nacionais e internacionais a concertar esforços, através da implementação de medidas de redução e controlo na fonte de poluentes com reconhecidos efeitos nocivos”, sublinha João Paulo Teixeira, coautor do trabalho.

Os resultados encontrados reforçam e consolidam a relação que outros estudos já tinham vindo a mostrar entre a poluição atmosférica e a saúde.

A investigação intitula-se “Ambient Particulate Air Pollution and Daily Mortality in 652 Cities”, e encontra-se disponível aqui.