São mais de 100 objetos, entre máscaras egípcias, fósseis com mais de 1000 anos, objetos científicos, xilotecas do Brasil, pontas de seta do neolitíco e da idade do Bronze, crânios de palanca negra gigante, uma coleção de borboletas apreendida durante a 1.ª Guerra Mundial, entre tantos outros vestígios da história a que todos pertencemos… E são as suas histórias que contamos em O Museu à Minha Procura, título da exposição que vai abrir as portas ao público já a partir desta quarta-feira, 6 de abril, no Polo Central (Reitoria) do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP)

Aquela que é a primeira exposição composta por peças das coleções do MHNC-UP e dos restantes acervos museológicos dispersos pela U.Porto acontece quase cinco anos após a inauguração da Galeria da Biodiversidade, na antiga Casa Andresen, local onde nasceu o escritor Ruben A., autor da autobiografia O mundo à minha procura.

A propósito deste livro,  Ruben A. afirmou que resultava de “uma necessidade urgente de arrumar a minha vida sentimental, de ver a novela que dentro do meu ser transporto”. A forma autobiográfica surgia, assim,  como “a mais pura do romance, a criação permanente de um estado de espírito que traz presentes os fantasmas que se acolheram no sótão da sensibilidade”.

O Museu à Minha Procura é também uma exposição autobiográfica uma vez que recorre às vastas coleções de objetos do Museu, permitindo aceder não só à beleza como também à história que cada objeto transporta. Vão estar presentes cerca de 111 peças que contam uma narrativa, autobiográfica, através de diferentes núcleos que correspondem às missões do Museu: explorar, descrever, medir, conservar e divulgar.

“Uma visita à exposição equivale a uma revisitação não só dos 111 anos da Universidade do Porto, mas também dos tempos que precederam a sua criação (desde a Aula de Náutica, criada por alvará régio, em 1762). Em cada objeto exposto reconhecemos o conhecimento produzido a partir da investigação que a Universidade liderou e a forma como o passou aos estudantes e o comunicou à sociedade”, apresenta Fátima Vieira, Vice-Reitora para a Cultura, Museus e Editora da U.Porto

Para além das peças das coleções do MHNC-UP, serão também apresentadas nesta exposição algumas peças cedidas por outras unidades da U.Porto. Desta lista fazem parte a Casa-Museu Abel Salazar, as faculdades de Desporto (FADEUP), Belas Artes (FBAUP), Direito (FDUP), Engenharia (FEUP), Farmácia (FFUP), Medicina Dentária (FMDUP), Medicina (FMUP) e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS).

Objetos que contam histórias

Entre os muitos objetos que povoam a exposição, não faltam histórias que prometem prender a atenção dos visitantes. É o caso da das borboletas da coleção de Emílio Biel, apreendida pelo Estado Português durante a 1.ª Guerra Mundial, e atualmente integrada no MHNC-UP.

Karl Emil Biel (1838-1915), cidadão alemão, foi um homem de múltiplos interesses. Negociante, editor e pioneiro da fotografia em Portugal, foi durante anos fotógrafo da Casa Real Portuguesa. Apaixonado por todas as inovações tecnológicas, esteve ligado à instalação da luz elétrica em Vila Real e no Porto. Dedicou-se também à horticultura, floricultura e entomologia, tendo constituído uma importante coleção de borboletas composta por milhares de exemplares de origens geográficas muito diversas. A beleza destas borboletas vai estar agora ao alcance de todos.

Borboletas da coleção Biel, atualmente integrada no MHNC-UP. ( (Foto: João Soares/U.Porto)

Aos visitantes não passará igualmente despercebido o esqueleto de um espadarte com cerca de 4,20 m que “sobrevoa” O Museu à Minha Procura. É o elemento mais cenográfico da exposição, cabendo-lhe fazer a interligação entre os dois pisos onde esta vai decorrer.

Presença marcante é também a de Desmond Morris, o zoólogo, etólogo e pintor surrealista inglês, que ficou conhecido pelo livro que lançou em 1967, The Naked Ape, o Macaco Nu, e pelos programas de televisão que apresentou, como Zoo Time.

O objeto que vai “fechar” a exposição conta precisamente a história de como o arquivo cientifico de Desmond Morris veio para Portugal e, em particular, para a Universidade do Porto. em 2014. Para além do dactiloscrito de O Macaco Nu, vai ser possível apreciar as provas comentadas da primeira edição, a primeira edição (de sempre), a primeira edição em Portugal (de que todas as pessoas com mais de 50 anos se vão lembrar bem!) e a edição portuguesa publicada pelo Museu, sob a marca Arte e Ciência (que estará disponível para venda).

O dactiloscrito de O Macaco Nu é uma das obras mais valiosas da exposição. (Foto: João Soares/U.Porto)

Olhar para o futuro

O Museu à Minha Procura serve também de “aperitivo” para o futuro Museu da Universidade do Porto, atualmente em construção e que virá a tornar-se uma instituição de referência global.

A exposição vai estar patente ao público até 30 de dezembro e pode ser visitada de terça-feira a domingo, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00 (último acesso às 17h30), no Polo Central do MHNC-UP (entrada pela Cordoaria).

A entrada é gratuita. Visitas guiadas podem ser agendadas através do e-mail [email protected].