O investigador Pedro Almeida, do grupo Immunology, Cancer & GlycoMedicine do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), foi distinguido com uma bolsa de investigação – Immunology Letters Short-term Fellowship  – atribuída pela Federação Europeia das Sociedades de Imunologia, que lhe permitirá estagiar durante três meses no Centro Médico Universitário em Leiden, nos Países Baixos, para estudar as alterações de glicanos nas doenças inflamatórias do intestino.

Este estágio enquadra-se no trabalho que está a ser desenvolvido no projeto europeu GlycanTrigger, coordenado pela investigadora do i3S Salomé Pinho, que visa caracterizar as alterações nos glicanos presentes à superfície da mucosa intestinal no âmbito da doença inflamatória do intestino (DII).

Os glicanos, explica Pedro Almeida, “cobrem todas as células do nosso organismo formando uma camada densa à superfície (glicocálix), podendo influenciar uma variedade de funções fisiológicas, nomeadamente a resposta imune e a regulação da flora intestinal (microbioma)”.

Em concreto, o projeto subjacente a esta bolsa tem como objetivo caracterizar a composição do glicocálix à superfície da mucosa intestinal e a sua relação com a resposta imune no âmbito da DII.

Com esta ideia em mente, Pedro Almeida vai utilizar técnicas de vanguarda, nomeadamente Citometria de Massa por Imagem (Imaging Mass Cytometry – IMC), para “estudar, em amostras de doentes com DII, as alterações de glicanos da mucosa intestinal e as diferentes populações imunes presentes que podem estar a contribuir para a patologia da DII”.

Durante este período de três meses, sublinha Pedro Almeida, “vou familiarizar-me com os diferentes passos envolvidos na técnica de IMC, desde a preparação dos anticorpos e amostras, até à análise e processamento de dados. O objetivo será levar esse conhecimento de volta para Portugal, para o i3S, e aplicá-lo no trabalho do projeto GlycanTrigger e de outros projetos do nosso grupo”.

Para o investigador, trata-se de “uma oportunidade única de aprender uma técnica de vanguarda, que nos permite obter uma nova perspetiva não só sobre a DII, mas também sobre uma panóplia de outras doenças, e dá-nos a possibilidade de tentar responder a uma enorme variedade de perguntas científicas que poderão ter um impacto direto e real na vida dos doentes.  Além disto, é uma ferramenta que terá grande destaque no futuro das ciências biológicas e da vida”.

Do ponto de vista mais pessoal, acrescenta que “é também uma oportunidade de crescer como jovem adulto e como jovem investigador e de experienciar uma cultura e um país novo, de conhecer pessoas e alargar a minha rede de contactos”.