Durante o mês de março, quem chegar ao átrio de entrada do Edifício Histórico da Reitoria da Universidade Porto vai deparar-se com um Posto recetor de telegrafia sem fios. Isto porque o Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto (MHNC-UP) quis explorar o tema da Comunicação em mais um capítulo do “Breviário”.

Marisa Monteiro, curadora dos instrumentos científicos do MHNC-UP, explica que o aparelho em exposição foi desenvolvido já no final do século XIX e recorria a “ondas eletromagnéticas para fazer transmissão à distância”. O que, acrescenta, já representava um avanço da técnica da telegrafia. “Descobriu-se a existência das ondas eletromagnéticas (a transmissão de energia sem suporte material) e que poderiam ser utilizadas para fazer passar mensagens”. E que aparelho é este, que teremos em exposição? Trata-se, então, de um Posto recetor de telegrafia sem fios datado de 1904.

Posto recetor de telegrafia sem fios de1904. MHNC-UP

Trata-se de um aparelho escolar comprado pela Academia Politécnica do Porto (antecessora da U.Porto) em 1904, para uso em sala de aula, e que foi desenvolvido por uma empresa de instrumentos didáticos.

Uma parte (à esquerda, na fotografia) reproduz a experiência de 1896 do físico e inventor italiano (do primeiro sistema prático de telegrafia sem fios) Guglielmo Marconi. Tem ainda associado (do lado direito da fotografia) um registador com a respetiva fita para o registo do código de morse (uma sucessão de pontos e traços que seriam depois convertidos ou descodificados em palavras).

Marisa Monteiro explica que a distância entre o transmissor (que emitia a mensagem por ondas eletromagnéticas) e o recetor poderia ser de vários quilómetros. Fundamental em diversos contextos, esta tecnologia foi utilizada, por exemplo, pelos dois navios britânicos de passageiros Titanic (conhecido pelo desfecho trágico da sua viagem inaugural) e Olympic. Ambos “tinham uma sala de telegrafia extremamente necessária. No caso do Titanic, foi daí que enviaram a mensagem de pedido de socorro”.

O Breviário é uma iniciativa que abre uma janela para os tesouros que constituem o MHNC-UP. Todos os meses, quem passar pelo átrio de entrada da Reitoria da U.Porto (Praça Gomes Teixeira), vai encontrar uma ou várias peças provenientes do espólio do MHNC-UP. Quando estiver junto da(s) peça(s) em exposição, basta apontar o telemóvel para o QR Code e ficar a conhecer o/a respetivo/a curador/a e as histórias que tem para contar.

Para quem quiser saber mais sobre “os bastidores do museu”, basta inscrever-se e fazer uma visita às reservas do MHNC-UP.