Elisabete Teixeira e Nuno Rocha de Jesus, estudantes de doutoramento da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), a desenvolverem investigação no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), foram recentemente distinguidos pela Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM) pelos seus trabalhos na área do cancro da tiroide. Os prémios – a que correspondem duas bolsas no valor total de 12.500 euros – foram atribuídos durante o Congresso Português de Endocrinologia, que se realizou no início deste mês de fevereiro.

O projeto «Genetics of Familial Non-Medullary Thyroid Carcinoma – Investigation of a family», proposto por Elisabete Teixeira, estudante do programa doutoral em Metabolismo, Clínica e Experimentação da FMUP, foi premiado com uma bolsa no valor de 7.500 euros.

A equipa, da qual também fazem parte os investigadores do i3S Paula Soares (orientadora), Cláudia Fernandes e Miguel Melo, vai focar-se no cancro da tiroide hereditário, que representa cerca de dez por cento do total de casos de cancro da tiroide.

O objetivo de Elisabete Teixeira é validar a mutação de uma enzima, denominada USP42, como causa do carcinoma familiar não medular da tiroide. Este projeto surge na sequência de uma investigação anterior desenvolvida no grupo Cancer Signaling and Metabolism, no qual a investigadora está integrada, que permitiu identificar esta mutação germinativa numa família romena de três elementos.

O papel dos fármacos antidiabéticos no tratamento do cancro da tiroide

O projeto apresentado por Nuno Rocha de Jesus, estudante do programa doutoral em Biomedicina, recebeu, por seu lado, uma Bolsa Prof. Edward Limbert/SPEDM/MERCK, no valor de cinco mil euros, para estudar o papel dos fármacos antidiabéticos no tratamento do carcinoma diferenciado da tiroide.

Este tipo de tumor tem vindo a crescer nas últimas três décadas, não só devido ao aumento na deteção de tumores clinicamente silenciosos resultado de uma crescente realização de exames de imagem à tiroide, mas também, segundo alguns estudos, por razões ambientais.

As estratégias terapêuticas variam entre a cirurgia de remoção e a vigilância ativa, mas ainda não existe um método eficaz para prever os casos em que a evolução tumoral será mais agressiva, com invasão local e metastização à distância e eventual perda de resposta ao iodo.

Tendo como base o facto de existir um fármaco antidiabético que pode ter um efeito inibitório no crescimento e migração das células de carcinoma diferenciado da tiroide, a equipa do i3S, que integra também os investigadores Valdemar Máximo, Paula Soares, Patrícia Tavares, Maria João Oliveira e Mariana Gonçalves, vai avaliar o potencial terapêutico deste medicamento e de outros fármacos antidiabéticos.