São mais de 470 peças que contam cerca de 200 anos de história. Testemunham a extração dos recursos minerais, o avanço tecnológico e o fabrico de maquinaria que transformou o modo como vivemos. A exposição Gemas, Cristais e Minerais inaugura no próximo dia 18 de dezembro, às 18h00, no Polo Central do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP).

Comecemos pelo ensino. Estas peças contam a história da Mineralogia, da Paleontologia e da Geologia na Academia Politécnica do Porto (precursora da Universidade do Porto), a partir de 1837, e na Faculdade de Ciências da U.Porto logo após a fundação da Universidade em 1911.

São quase 200 anos de aquisição de gemas, cristais e minerais para dar apoio às aulas práticas e às atividades de investigação.  Aqui estão também os minerais recolhidos em trabalho de campo de docentes, estudantes, investigadores e alumni, assim como coleções que foram doadas por particulares.

Para além da singularidade e da beleza, estas peças refletem a relevância da Mineralogia e da Geologia para a resolução de problemas e desafios que o quotidiano nos foi colocando.

Movida pela imaginação e engenho, a evolução da tecnologia também se escreve a partir da exploração dos recursos minerais. Foi da pedra que nasceu a lança, depois substituída por cobre e bronze, até à criação de instrumentos mais sofisticados. A exploração do ferro permitiu a produção de armas e ferramentas mais resistentes, abrindo caminho ao fabrico de maquinaria que continua a transformar o mundo em que vivemos.

Exemplar de “Esfalerite Caramelada”, família dos Sulfuretos e Sulfossais. (Foto: DR)

Presente na crosta continental e nos minérios, a prata é outro metal de extrema versatilidade. Frequentemente utilizada na ourivesaria, está também presente nos utensílios de cozinha, em câmaras fotográficas e em eletrodomésticos. De resto, os componentes elétricos tiram particular partido da sua elevada condutividade. Das moedas antigas, que evocam histórias de comércio e poder, aos espelhos que refletem a nossa imagem, a prata sempre exerceu um enorme fascínio.

Transversal a todos os materiais é o custo associado à sua extração. Da Alemanhã do século XVI chega-nos uma história associada à indústria vidraceira que utilizava um produto industrial designado saffra (família dos Sulfuretos Sulfossais). Essencialmente utilizada em adornos, mosaicos, vitrais e cerâmica, a saffra era fabricada numa região de minas de prata na Saxónia e na Boémia. Em 1769, o químico Georg Brandt descobriu que a coloração azul da saffra se devia à presença de cobalto e não de bismuto, como se julgava até então.

Temido pelos mineiros, o cobalto, ou skutterudite, extraído juntamente com o minério de prata, provocava lesões nos olhos, mãos e pulmões devido ao elevado teor de arsénio. Alheios ao efeito do composto, os mineiros atribuíam estas condições à intervenção de criaturas – os Kobelts – que se passeariam pelas minas para os atormentar. Foi assim que o mineral agora conhecido como skutterudite adquiriu o nome de cobalto (Kobold).

Exemplar de uma gema, ou mineral “berilo”. (Foto: DR)

Gemas, cristais e minerais

O que é, afinal, um mineral? É uma substância inorgânica formada naturalmente, com uma composição química homogénea e uma estrutura cristalina. São conhecidos sete sistemas cristalográficos: cúbico, trigonal, tetragonal, ortorrômbico, hexagonal, monoclínico e triclínico. Os minerais podem ser classificados em função da sua composição química em classes, grupos e espécies.

Gema é o nome dado ao mineral que, ao ser lapidado, possui beleza suficiente para ser utilizado em joias ou como adorno pessoal. Das cerca de 5943 espécies minerais conhecidas, aproximadamente 15 podem ser consideradas minerais gemológicos importantes, como por exemplo o diamante, o corindo, a espinela, a turquesa, a olivina, a granada, o zircão, o topázio, o crisoberilo, o berilo, a turmalina, a jadeíte, a nefrite, o quartzo e a opala.

A exposição Gemas, Cristais e Minerais pode ser visitada de terça a domingo, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00 (última entrada às 17h30).

A entrada (pela Cordoaria) é gratuita. Haverá ainda visitas guiadas (1,50 euros/pessoa ou 2 euros /pessoa, se combinado com visita guiada ao Laboratório Ferreira da Silva).