Durante o mês de novembro, o Breviário, ciclo mensal de exposições promovido pelo Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP), volta a abrir uma janela para as suas reservas. Desta vez, no átrio de entrada do edifício da Reitoria (Praça de Gomes Teixeira, aos Leões), vamos poder observar espécimes de uma coleção moderna: vespas (europeias e asiáticas).

Perante o tema “invasões biológicas”, ou seja as espécies exóticas que se tornam invasoras, José Manuel Grosso-Silva, curador de Entomologia do MHNC-UP,  escolheu a vespa asiática, também conhecida por vespa de patas amarelas.

Embora tivesse chegado à Europa anteriormente, esta espécie chegou a Portugal em 2010/2011, “causando alguns problemas” em termos de saúde pública, mas, principalmente, à apicultura (criação de abelhas com ferrão), “nomeadamente às colmeias”. A questão, afirma José Manuel Grosso-Silva, é que esta vespa asiática alimenta as larvas com as abelhas que consegue capturar. “As vespas adultas precisam de energia (do néctar ou pólen) e caçam as abelhas para obterem a proteína com que vão alimentar as suas larvas”, explica o curador.

Em exposição na Reitoria vão estar agora “dois exemplares de vespa asiática (que é a mais escura das duas) e dois exemplares da vespa europeia que é mais colorida, embora tenha as patas escuras, em contraste com a asiática”. Também há diferenças gerais de comportamento, acrescenta José Manuel Grosso-Silva. “A vespa asiática faz os ninhos (os vespeiros) mais frequentemente em árvores (no meio da copa de uma árvore) do que em cavidades”.

Já a vespa europeia dá outra estrutura aos ninhos que constrói, basicamente, em cavidades. Ainda em termos comportamentais há outras diferenças, sendo aqui que reside o facto de ser um problema de saúde pública. A vespa europeia “é mais pacífica na proximidade do seu vespeiro”, em comparação com a asiática que é bem mais nervosa e protetora da colónia. “Se sentir alguma ameaça tem uma resposta de defesa que corresponde a um ataque em grupo àquilo que interpreta como uma ameaça à colónia”. Pode ser interpretado como ameaça alguém que passe muito perto ou que produza alguma espécie de vibração na proximidade do vespeiro.

Os exemplares em exposição foram colhidos por José Manuel Grosso-Silva, na região do grande Porto, com o objetivo de criar uma coleção de referência, com diferentes espécies de insetos. Trata-se de uma coleção moderna, do MHNC-UP, acrescenta o curador, “em constante crescimento”, e que tem por objetivo auxiliar a identificação de espécies por parte dos estudantes que desconheçam estes grupos e, assim, para além da bibliografia, têm um apoio em exemplares já identificados previamente.

Da etnografia aos instrumentos científicos, passando pela arqueologia, paleontologia e zoologia, o Breviario expõe, a cada mês, na “casa mãe” da Universidade, uma nova seleção de objetos das coleções do MHNC-UP, convidando os visitantes a conhecer o seu acervo.