Cerca de uma centena de pessoas de todas as idades, sobretudo jovens, respondeu positivamente ao repto da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e da Câmara Municipal do Porto e participaram no “mass training” de Suporte Básico de Vida (SBV), que decorreu no dia 29 de setembro, na Piscina Municipal Eng. Armando Pimentel.

A coordenadora do Centro Pluridisciplinar de Simulação da FMUP, Cristina Granja, orientou as operações de salvamento, neste caso apenas “a fingir”, com a ajuda de um vídeo explicativo e de um modelo para praticar, bem como da intervenção indispensável de dez instrutores da Faculdade.

Os participantes treinaram as compressões torácicas e ventilações com a “MiniAnne” (uma “boneca” para simulação e treino clínicos) no local e puderam levar o modelo para casa, onde poderão ensinar, por sua vez, os familiares e amigos.

“Quando alguém tem uma paragem cardíaca, as primeiras medidas a tomar são muito importantes porque fazem a diferença na sobrevida dessa pessoa. Ao fim de quatro minutos, a possibilidade de sobrevida é mínima”, alertou Cristina Granja. Assim, “quem testemunhar uma paragem cardíaca tem de, em primeiro lugar, perceber que se trata de uma paragem cardíaca e, depois, pedir ajuda ao 112 e iniciar compressões”.

De acordo com a professora da FMUP, “há estudos de sobrevida de paragem cardíaca em vários países. Na Noruega, por exemplo, a sobrevida é quase o dobro porque os noruegueses ensinam Suporte Básico de Vida nas escolas. Esse seria um objetivo”.

“Salvar vidas é simples se houver vontade de preparar a população”

Esta primeira iniciativa conjunta com a Câmara Municipal do Porto visava a promoção da consciencialização e da formação em ressuscitação cardiopulmonar de membros da comunidade. A ideia partiu da FMUP e foi muito bem-recebida pela autarquia portuense.

“A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto contactou o Município do Porto e a Vereadora do Pelouro da Saúde e Qualidade de Vida, Juventude e Desporto entendeu que fazia todo o sentido, tendo como target principal os jovens. A partir daí desenvolveu-se uma saudável interação entre a FMUP e o Município para promover este “Mass Training” em Suporte Básico de Vida, que entendemos que é para continuar. Salvar vidas é simples se houver vontade de preparar a população”, afirmou Sílvia Cunha, diretora do Departamento Municipal de Promoção de Saúde e Qualidade de Vida e Juventude.

Abel Nicolau, do Centro de Simulação/Núcleo de Simulação Clínica da FMUP, fez também um balanço favorável. “Foi uma iniciativa muito positiva. Estas 100 pessoas vão levar o “kit” para casa e ensinar os familiares”, disse.

Quanto aos participantes, apesar do calor que se fez sentir naquela manhã, deram o tempo por bem empregue. Leonor Bernardes foi uma das jovens que fizeram este “Mass Training”. No final, admitiu ter ficado com “mais confiança” para “ajudar”, caso se depare com uma situação de paragem cardíaca.

Também Maria João aplaudiu a iniciativa, que considerou “importantíssima”. No 9.º ano, já tinha tido formação nesta área, mas apenas teórica. Gostou particularmente de poder levar o modelo para casa e ensinar mais pessoas a salvar corações.

A expetativa é que este “mass training” possa repetir-se em breve, alargando-se a mais elementos da comunidade.