A Bosch e a Universidade do Porto (U.Porto) apresentaram, esta segunda-feira, 26 de setembro, os resultados do THEIA (Automated Perception Driving), o ambicioso projeto de inovação que visa tornar os veículos mais seguros no contexto da condução autónoma, através do desenvolvimento de tecnologias com base em inteligência artificial e sensores que permitem ao veículo detetar o ambiente circundante e tomar decisões.
O evento de apresentação decorreu na Alfândega do Porto e contou com a participação da Ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, para além de representantes das instituições parceiras.
Os trabalhos de investigação apresentados, e desenvolvidos no âmbito dos seis subprojetos que integram o THEIA, incluem tecnologias que cumprem o objetivo de melhorar as capacidades sensoriais de veículos autónomos, implementando algoritmos de perceção baseados nos dados recolhidos pelos seus sensores (como é o caso dos sensores LiDAR), que vão permitir que o veículo tenha uma perceção exata, robusta, e segura do espaço envolvente ao automóvel.
“Isto significa que os sensores reconhecem e distinguem, por exemplo, ciclistas, peões e outros veículos, contribuindo para a segurança rodoviária, tanto de quem está no interior do veículo, como fora dele. O resultado é uma perceção mais avançada do que a humana, tornando a condução mais autónoma, bem como mais segura. Por exemplo, em caso de nevoeiro cerrado, o condutor pode ver-se obrigado a parar o carro para salvaguardar a sua segurança”, descreve a Bosch, em comunicado.
Para assegurar que os dados usados nos algoritmos de perceção não são comprometidos, a equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e da Faculdade de Engenharia, liderada por Rolando Martins (FCUP) e Jaime Cardoso (FEUP), ajudou a concebeu “um conjunto de soluções de segurança informática, nomeadamente infraestruturas tolerantes a intrusões, que usam uma abordagem multidisciplinar que inclui cibersegurança, confiabilidade e inteligência artificial, capazes de garantir a autenticidade e integridade da informação que flui entre os veículos autónomos e a infraestrutura, mesmo em caso de intrusão parcial do sistema”.
“Com a implementação das tecnologias desenvolvidas no âmbito do THEIA o veículo saberá como comportar-se nessa situação, sem obrigatoriedade de paragem ou sequer abrandamento”, refere a Bosch, no balanço de uma parceria que coloca Portugal no mapa das principais inovações a nível da mobilidade inteligente.
Academia e indústria lado a lado
Com um investimento superior a 28 milhões de euros, este consórcio entre a Bosch e a U.Porto envolveu a contratação de 55 novos colaboradores da Bosch e de 79 investigadores da Universidade do Porto, contando com o envolvimento de mais de 250 colaboradores. Do trabalho desenvolvido no âmbito do THEIA deverá ainda resultar a publicação de 33 artigos técnico científicos e a submissão de 10 pedidos de patente.
“A transformação económica e social do nosso país tem necessariamente de passar pelo investimento em projetos e infraestruturas de investigação, particularmente pela promoção de colaborações mais profícuas entre a academia e a indústria. As parcerias que a Bosch tem estabelecido com a Universidade do Porto são um dos melhores exemplos de sucesso desta estratégia, sendo os resultados do projeto THEIA uma demonstração clara das vantagens mútuas que estas colaborações trazem à academia, à indústria e ao país”, destaca António de Sousa Pereira, Reitor da Universidade do Porto.
Carlos Ribas, responsável da Bosch em Portugal e Administrador Técnico da Bosch em Braga, lembra por sua vez que “o THEIA é mais um exemplo da aposta da Bosch nas relações de parceria com a academia, e os resultados hoje apresentados impulsionam não só a inovação, o desenvolvimento científico e a criação de emprego qualificado, como terão impacto global no futuro da condução autónoma, refletindo-se no reconhecimento da qualidade do talento e da dinâmica do ecossistema de investigação e desenvolvimento que existe em Portugal”.
Recorde-se que a U.Porto e a Bosch estão atualmente a colaborar num novo projeto de inovação que pretende trazer a Inteligência Artificial para dentro das fábricas de todo o mundo. Anteriormente, as duas entidades já tinham juntado forças no projeto “Safe Cities”, focado no desenvolvimento ode soluções que tragam mais segurança nas cidades inteligentes.
O projeto THEIA é cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), através do Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (COMPETE 2020) e do Portugal 2020.