No dia 12 de julho, o futuro da ciência e do ensino superior em Portugal foi o grande tema em análise numa sessão que teve como objetivo analisar e discutir os desafios que atualmente se colocam às instituições de ensino superior importantes agentes na produção de conhecimento científico.

Vários foram os momentos que marcaram a sessão que encheu o Auditório 1 da FPCEUP com mais de 150 participantes, incluindo membros de governo da Universidade do Porto e de outras universidades, investigadores e docentes de várias áreas científicas e representantes de centros de investigação nacionais.

Para Pedro Nobre, Diretor da FPCEUP, a larga adesão a esta iniciativa que marcou o encerramento das comemorações dos 42 anos da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, veio “reforçar a centralidade da Ciência no contexto do Ensino Superior e a importância de discutir as grandes questões e desafios que se nos colocam nesta área em Portugal.”

“Este é um tempo de decisões políticas com forte impacto no futuro da Ciência, começando pelo financiamento que se mantém claramente abaixo da média dos países da OCDE, passando pela necessidade premente de renovar o corpo docente fortemente envelhecido e terminando no imperativo nacional de promover oportunidades de emprego científico estável para a geração de investigadores mais qualificada da nossa história que contribui decisivamente para o reconhecimento internacional da Ciência que se faz em Portugal”, salientou o Diretor da FPCEUP.

A Ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, que se viu obrigada a cancelar a sua participação no evento por razões de última hora, partilhou uma mensagem escrita na qual salientou como principais desafios a estabilidade e previsibilidade dos investigadores, o financiamento da Ciência e do Ensino Superior e o reforço da cooperação intra e interinstitucional. Elencou ainda um conjunto de medidas que estão a ser desenvolvidas para responder a estes desafios dos quais se destacam o programa FCT Tenure que permitirá a abertura de 1400 vagas para os investigadores e o reforço do orçamento das Instituições do Ensino Superior em 67 milhões de Euros.

 

O debate moderado pelo Vice-Reitor Pedro Rodrigues e que juntou à mesa quatro reconhecidos investigadores de diferentes gerações e áreas científicas da Universidade do Porto, foi bastante vivo e participado. Alessandra Souza, investigadora principal da FPCEUP, Henrique Barros, Diretor do ISPUP, José Meirinhos, Diretor do Departamento de Filosofia da FLUP e Nuno Cardoso Santos, coordenador de 2 projetos ERC na FCUP, partilharam as suas perspetivas sobre os grandes desafios da Ciência e Ensino Superior. Temas como a relação entre as carreiras de investigação e de docência, a precariedade dos investigadores, a importância da mobilidade e internacionalização e a necessidade de um processo renovação e recrutamento centrado no reconhecimento académico e científico, foram apresentados como os principais desafios da Ciência na atualidade.

A sessão contou ainda com a leitura de um manifesto por parte de um conjunto de investigadores presentes, que simbolicamente vestia de luto, contando a história de “Maria”, personagem fictícia de uma investigadora que, durante todo o seu percurso profissional, viveu de contratos precários e na constante incerteza sobre o futuro.

As reflexões finais ficaram a cargo das duas Diretoras dos Centros de Investigação da FPCEUP, Isabel Menezes (CIIE) e Paula Mena Matos (CPUP) e da Subdiretora da FPCEUP, Amélia Veiga. Segundo Amélia Veiga, o debate “permitiu uma reflexão conjunta sobre as possíveis mudanças relacionadas com a estabilidade dos investigadores e o financiamento da ciência e ensino superior em Portugal, sublinhando a importância destes momentos de reflexão para uma avaliação conjunta das possíveis consequências e efeitos dessas mudanças e para a construção de uma visão sobre o futuro do ensino superior”.

Para além do debate, a sessão teve um importante momento de homenagem a todos os docentes aposentados e eméritos da faculdade, incluindo um tributo ao docente Joaquim Luís Imaginário, recém-falecido, que durante décadas partilhou o seu saber com diversas gerações de estudantes da FPCEUP.