Investigadores/as da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação (FCNAUP) e do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) publicaram recentemente um estudo no prestigiado British Journal of Nutrition, onde desaconselham o consumo de espécies de pescado com maior teor de mercúrio pelas grávidas, mulheres a amamentar e crianças, devido aos riscos associados ao desenvolvimento cognitivo.
Apesar de o consumo de pescado – que inclui peixe, músculos e crustáceos – ter uma série de benefícios associados, os cientistas advertem que determinadas espécies devem ser evitadas pelos grupos referidos. São os casos do atum fresco, peixe-espada, garoupa, maruca, cherne, espadarte, cação e a tintureira.
“O consumo de pescado continua a ser essencial, temos é de fazer as escolhas certas, quer em escolha de espécies, quer na frequência do seu consumo”, alerta Catarina Carvalho, primeira autora do estudo.
“Além disso, estas espécies com maior teor de mercúrio, não apresentam benefícios face a outras em que a presença do mercúrio está em menor concentração”, acrescenta a investigadora da FCNAUP e do ISPUP.
Menos mercúrio e mais diversidade
Mas se há espécies “proibidas” para as grávidas, crianças e mulheres a amamentar, outras há cujo consumo é encorajado pelos investigadores, devido aos benefícios que trazem para a saúde.
“Sardinha, cavala, salmão devem ser as opções privilegiadas, uma vez que, além de terem menos mercúrio, contêm maior teor de ácidos gordos ómega-3, esses, sim, que contribuem para um melhor desenvolvimento cognitivo nas crianças e prevenção de doença cardiovascular nos adultos”, sugere Catarina Carvalho.
Espécies como pescada, polvo, lulas, pota, bacalhau, carapau, faneca, garoupa, linguado, sarda, paloco e o tamboril também são opções que têm, geralmente, valores baixos de mercúrio.
Idealmente, grávidas, mulheres a amamentar e crianças, devem consumir estas espécies cerca de três a quatro vezes por semana. Já para a população geral o consumo de quatro a sete vezes por semana é o recomendado.
Além disso, no momento de escolher a espécie a consumir, a diversidade é um ponto essencial para uma alimentação equilibrada e saudável.
O estudo nasceu de um grupo de trabalho promovido pela Direção Geral da Alimentação e Veterinária (DGAV) que integrou a FCNAUP, o ISPUP, a ASAE, o IPMA e o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.