Conhecer o impacto socioeconómico dos fatores de stress ambiental na Europa. É este o grande objetivo do “BEST-COST”, um novo projeto de investigação que pretende contribuir com políticas e práticas que reduzam a “carga” da doença, promovendo mais e melhor saúde.
Ao longo de quatro anos, este projeto financiado em quatro milhões de euros pela União Europeia e liderado pela instituição científica belga Sciensano reunirá um consórcio constituído por 17 parceiros de dez países europeus e dos Estados Unidos. Em Portugal, o projeto será coordenado pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), pelo CINTESIS e pela Escola Superior de Saúde Egas Moniz.
“Embora exista uma preocupação crescente em torno da implicação de fatores de stress ambiental na saúde humana, a falta de evidência concreta sobre o custo socioeconómico limita a capacidade de ação dos decisores políticos”, referem os investigadores.
Para ajudar a resolver este problema, o “BEST-COST” vai desenvolver um novo quadro metodológico para quantificar a carga, o custo e as desigualdades sociais e de saúde provocadas pela poluição atmosférica e sonora. O objetivo final é fomentar “iniciativas políticas mais fortes para melhor proteger a saúde das populações”, explicam os investigadores.
Desta forma, o projeto permitirá aos profissionais de saúde e aos decisores políticos adotarem uma abordagem harmonizada e uma melhor utilização dos modelos económicos e sanitários nas avaliações de impacto político.
Proporcionar “mais saúde” aos europeus
“Na prática, pretende-se contribuir com novas políticas e práticas que reduzam a carga da doença e que ao mesmo tempo promovam ambientes de vida e de trabalho mais saudáveis, equitativos e sustentáveis”, anteveem os coordenadores do projeto.
“Traduzir a saúde em números é sempre um grande desafio e por isso serão consideradas diferentes abordagens”, revela João Vasco Santos, líder do grupo de trabalho relativo à Economia da Saúde.
Para o também professor da FMUP e investigador do CINTESIS, “conhecer melhor como diferentes populações de países europeus estão dispostas a pagar pela saúde é um grande passo para enfrentar os desafios económicos na definição de políticas de saúde”.
De acordo com dados da Agência Europeia do Ambiente, a poluição atmosférica e a poluição sonora são responsáveis, respetivamente, por cerca de 400 mil e 12 mil mortes prematuras só na Europa.
Os resultados do “BEST-COST” serão disponibilizados como ferramentas de acesso aberto e testados em cinco países europeus, nomeadamente, Portugal, Bélgica, Estónia, França e Noruega, antes de se tornarem transferíveis em maior escala em toda a Europa.