Foi uma sensação de deja vu aquela que Rui Pedro Oliveira terá sentido quando, por estes dias, voltou a pisar as salas da Escola de Miragaia. Há uns anos, o atual finalista de História da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) era um dos alunos daquela escola apoiados ao abrigo do projeto de “Voluntariado Estudantil – Combater o insucesso e o abandono escolar”. Agora, cabe-lhe a ele vestir a pele de voluntário da iniciativa que desafia os estudantes da U.Porto a ajudar alunos do ensino básico de várias escolas da cidade, acompanhando-os nos seus estudos ao longo do ano letivo.

“Já participei no ano passado neste projeto, na escola onde fiz o 2º e 3º ciclos (Miragaia). Como já conhecia a escola, os professores e funcionários, senti-me novamente em casa enquanto realizei o voluntariado, foi uma experiência incrivelmente boa!”, revela o estudante.

A acompanhar Rui nesta aventura estão mais 117 voluntários, todos eles estudantes da U.Porto. É o caso de Catarina Lages, finalista de Arqueologia da FLUP, recentemente regressada de  uma experiência de voluntariado no Vietname, onde o projeto consistia em ensinar inglês a crianças. “Apaixonei-me instantaneamente pelo que estava a fazer e hoje sonho em seguir o caminho da educação, acho que um bom professor consegue mudar a vida de muitos miúdos, eu quero fazer essa diferença”.

Fazer a diferença na vida dos alunos é, de resto, o que motiva grande parte dos voluntários. Entre eles inclui-se José Duarte Sousa., futuro engenheiro mecânico que encontrou no Voluntariado Tutorial uma forma de “empregar o meu tempo livre para fazer algo melhor pela comunidade”.

“O insucesso e o abandono escolar são problemas que infelizmente fazem parte da sociedade e que foram agravados devido à situação de pandemia. Como tal, estou disposto a fazer o que puder para ajudar pelo menos alguém que precise de apoio para continuar a sua caminhada no ensino”, refere o estudante finalista da FEUP.

Pouco mais de dois meses após ter iniciado a caminhada na Licenciatura em Economia na Faculdade de Economia (FEP), também Inês Dias Oliveira está pronta a deixar uma marca positiva no(s) aluno(s) que vai acompanhar ao longo do ano letivo. “Sou uma jovem estudante que recentemente entrou na universidade, e não conseguiria alcançar este feito sem o apoio que me foi dado quer por professores quer por família. Neste sentido, gostaria de ajudar crianças cujos pais que, por vezes por não terem disponibilidade económica nem tempo, não conseguem dar o devido acompanhamento necessário”.

Tempo e disponibilidade são então alguns dos ingredientes que os voluntários vão levar até às escolas da cidade durante os próximos meses. Quanto ao resto, “um pouco de motivação e um ‘empurrãozinho’ por vezes são tudo o que basta para ajudar no aproveitamento escolar, que obviamente é muito importante”, antecipa Sofia Gomes Pilão, estudante do primeiro ano do Mestrado em Bioengenharia.

Atualmente inscrita na faculdade em regime parcial, a bioengenheira recém-licenciada confessa que nunca tinha pensado em fazer voluntariado “até ficar a conhecer esta atividade”. E projeta: “Será bom para mim sair um pouco fora da zona de conforto e conhecer/trabalhar com pessoas diferentes, especialmente mais jovens. Espero também melhorar o meu sentido de responsabilidade e autonomia no que toca a experimentar coisas novas, e à-vontade relativamente a fazer amigos”.

Acompanhamento personalizado até final do ano

Dinamizada pela Universidade do Porto e pelo Pelouro da Educação da Câmara Municipal do Porto, a edição 2022/2023 do projeto de “Voluntariado Estudantil – Combater o insucesso e o abandono escolar” vai decorrer em seis escolas do Porto: Augusto Gil, Carolina Michaëlis, Rodrigues de Freitas, Miragaia, Irene Lisboa e Eugénio de Andrade,

Os estudantes/voluntários da U.Porto ficarão responsáveis pelo acompanhamento de um aluno numa das escolas mencionadas, num formato tutorial (um/a aluno/a por voluntário/a) e numa dinâmica de encontros semanais com a duração mínima de uma hora. Pretende-se deste modo minimizar as dificuldades de aprendizagem dos alunos, combatendo ao mesmo tempo o insucesso e o abandono escolar.

O projeto vai decorrer até junho de 2023 e terminará com um encontro final em que os participantes farão o balanço da experiências e receberão a respetiva declaração de participação.