Ensinar as crianças a agir em segurança e a prevenir acidentes que podem causar lesões na medula espinal foi o objetivo que mobilizou um grupo de várias instituições portuguesas. Desse esforço conjunto, que envolveu investigadores, antigos e atuais estudantes da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), resultou o Neuropal, um jogo de ação digital educativo que ensina as crianças (6-11 anos) sobre o sistema nervoso central e sobre comportamentos seguros que podem ajudar a prevenir acidentes.

“Juntámos uma equipa multidisciplinar de estudantes e profissionais de diferentes áreas como as ciências biológicas, a comunicação de ciência, a programação de computadores, o design de jogos e as artes audiovisuais, para criar um jogo com um universo imaginário rico e animado, que possibilita ensinar crianças entre os 6 e 11 anos a prevenir acidentes comuns e a compreender a importância fisiológica de o fazer”, apresenta Leonor Saúde, investigadora principal do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (iMM).

Os desafios do jogo concentram-se principalmente em acidentes comuns evitáveis que podem levar a lesões na medula espinhal, que todos os anos deixam milhares pessoas com deficiências físicas graves – que muitas das vezes resultam em paralisia – em todo o mundo.

“O jogo leva-nos numa aventura por uma ilha tropical com dois amigos, o Neuropal e o Neuro, que se separam quando um evento inesperado força todos a escapar. O Neuropal tem de encontrar o seu amigo e deixar a ilha em segurança. Durante o caminho, é desafiado por situações de risco em que terá de adotar comportamentos seguros, evitando lesões em si mesmo e nos outros”, explica Joana Barros, co-criadora do jogo e coordenadora da Associação Viver a Ciência.

O jogo foi apresentado durante o festival internacional de ciência FIC.A, em Oeiras. (Foto: DR)

Incentivar comportamentos de segurança

Ao longo de seis níveis os jogadores são confrontados com limpeza de pisos molhados, a condução de uma scooter e um carro em segurança, a utilização de equipamentos de proteção apropriados num estaleiro,  barco ou caverna e resistir à tentação de usar atalhos ou caminhos alternativos que oferecem pouca segurança.

“O jogo inclui módulos sobre o sistema nervoso para estabelecer uma relação clara entre a anatomia e a função das suas diferentes partes. Desta forma, o Neuropal ensina não só comportamentos de segurança, mas também a importância de adotar esses comportamentos no dia-a-dia para proteger o nosso sistema nervoso central”, acrescenta Leonor Saúde.

O Neuropal foi financiado pela Fundação “la Caixa” e pela Autoridade Nacional de Segurança Rodóviaria. Foi desenvolvido pelo Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, a Associação Viver a Ciência, a FEUP , Favo Studio e a Universidade de Aveiro. A programação principal do jogo ficou a cargo de Luísa Freire, mestre em Engenharia Informática e Computação pela FEUP. Já o Sound Design foi desenvolvido por Valter Abreu, mestre em Multimédia pela FEUP.

Apresentado oficialmente no festival de ciência FIC.A em Oeiras, no passado dia 10 de outubro, o Neuropal estará disponível em português, espanhol e inglês para download gratuito para Android e IOS nas app stores e no site www.neuro-pal.org, onde se encontram também materiais educativos adicionais.