“A introdução das tecnologias digitais nas nossas vidas foi acelerada pelo contexto pandémico” e, consequentemente, trouxe alguns desafios que foram sentidos pela maioria dos estudantes. A conclusão é de um estudo realizado pelo Centro de Investigação e Intervenção Educativas (CIIE) da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP).
Neste estudo, pretendeu-se “analisar a educação digital promovida pelo sistema de ensino formal português” e, desta forma, compreender se os estudantes “estão a ser preparados para o exercício da sua literacia e cidadania digital nos dias de hoje”, tanto dentro como fora do contexto escolar.
Dos 1781 estudantes questionados, quase um terço (30,5%) admite que o seu desempenho escolar piorou com a transição para o ensino à distância, introduzido com a pandemia, e são estes que também tendem a realizar autoavaliações mais negativas no presente ano letivo, com o regresso ao regime presencial.
Os estudantes que se sentiram mais afetados negativamente no seu desempenho escolar são também aqueles que revelam mais carências socioeconómicas. De facto, a relação entre o estatuto socioeconómico e o desempenho escolar revelou ser a mais significativa neste estudo.
Para medir a situação socioeconómica dos estudantes, foram utilizadas variáveis como a profissão dos encarregados de educação, a existência ou não de escalão da ação social escolar e a perceção por parte dos alunos de dinheiro suficiente ou insuficiente para pagar as despesas em casa.
A idade também se apresentou como um fator importante no estudo, visto que os estudantes mais velhos demonstram ter tido um maior decréscimo no seu desempenho escolar com o ensino à distância do que os mais novos.
A nível global, o estudo concluiu que 22,3% da totalidade dos inquiridos admitiram sentir dificuldades com a mudança para o ensino à distância. Entre os desafios sentidos pelos estudantes, os que tiveram maior peso foram a falta de um local sossegado para estudar em casa (8,7%), as dificuldades de acesso à Internet (8,1%) e em utilizar as plataformas digitais (6,3%).
Na verdade, o governo português tem uma iniciativa para incentivar ao desenvolvimento digital nacional, de forma a “garantir que toda a população tenha igual acesso às tecnologias digitais” e a “educar a população mais jovem através do estímulo e reforço da literacia digital e competências digitais em todos os níveis de escolaridade”.
Porém, e conforme é refletido no estudo agora conhecido, Portugal continua a apresentar “níveis mais baixos de capital humano digital e utilização de serviços de Internet em comparação com a média europeia”
Os estudantes portugueses reportam “menor confiança nas suas capacidades para selecionar informação útil e credível na Internet e trabalhar de forma autónoma com o computador”, revela o estudo.