O Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) aderiu recentemente ao Pacto do Porto para o Clima, uma iniciativa da Câmara Municipal do Porto que procurar envolver os atores locais na implementação de medidas que visam tornar a cidade do Porto líder nacional na neutralidade Carbónica e ação climática.
Desta forma, o Instituto formaliza o compromisso ambiental que assumiu há dois anos, de diminuir as emissões de gases com efeito de estufa, e, mais recentemente, ao integrar as redes Nacional e Europeia de Laboratórios Sustentáveis.
Consciente de que um instituto de investigação em saúde utiliza muito plástico que não pode ser reciclado e que os laboratórios gastam três vezes mais energia do que um edifício de escritórios, a Direção do i3S traçou o seu compromisso em duas linhas estratégias: apoiando as atividades lançadas e sugeridas pela Iniciativa GreenLab, criada por um grupo de investigadores, e avançando com medidas de eficiência energética do edifício e de apoio à mobilidade.
“Queremos ser um instituto mais resiliente, mais consciente e mais eficiente”, afirma Claudio Sunkel, diretor do i3S. “Estamos particularmente empenhados em contribuir ativamente para que a cidade do Porto consiga antecipar para 2030 as metas de neutralidade carbónica apontadas pela Comissão Europeia e assuma assim a liderança nacional nesta matéria”, acrescenta.
Medidas que podem fazer a diferença
Em 2020, especifica Claudio Sunkel, “implementámos um Plano de Redução Energética para ser executado em cinco anos. O objetivo é diminuir o consumo de energia, por forma a sermos um edifício de Classe A». Em dois anos, acrescenta, “apesar de termos aumentado em número de recursos humanos e de equipamentos, conseguimos diminuir em três por cento o consumo de energia. E esse tem de ser o nosso objetivo anual”.
Estas metas foram cumpridas na sequência de medidas muito específicas, nomeadamente a substituição de todas as lâmpadas do interior e do exterior por lâmpadas LED e implementação de um controlo por gestão técnica da iluminação dos espaços comuns.
O i3S tem apostado igualmente na reciclagem e no aproveitamento de águas de chuvas e lençóis freáticos para a rega das suas áreas ajardinadas e para utilização em autoclismos.
Com o objetivo de promover a utilização de garrafas recicláveis e reduzir o consumo de plástico e de outros materiais de utilização única, a direção do i3S disponibilizou água filtrada em todos os pisos e estabeleceu uma colaboração com o bar por forma a permitir que cada um leve o seu próprio recipiente.
Por uma Ciência mais sustentável
As atividades desenvolvidas pelo GreenLab, por seu lado, passam essencialmente por iniciativas que visam reutilizar materiais e reduzir os resíduos químicos, equipamentos de proteção descartáveis e materiais de plástico.
“Por exemplo, a nossa intervenção no Biotério, que tinha como objetivo reduzir o consumo de plástico descartável, evitou o descarte de 70 kg de batas e 1200 kg de pezinhos de plástico desde maio de 2021”, sublinha João Gomes, um dos membros do GreenLab.
A equipa envolvida na iniciativa tem apostado também na sensibilização dos investigadores para pequenos gestos nos seus laboratórios que podem contribuir para reduzir a pegada de carbono, como fechar a janela das hottes, ou subir a temperatura das arcas congeladores de -80 ◦C para a -70 ◦C.
“Saber que a Direção do i3S está connosco nesta demanda pela sustentabilidade ambiental da Ciência dá-nos uma motivação extra para avançar com as nossas iniciativas. Legitima os nossos esforços e significa que os nossos objetivos são também os da comunidade”.
Neste momento, os investigadores do GreenLab estão a avançar com projetos para reciclagem de plástico laboratorial. “Em média, um investigador do i3S a trabalhar na bancada descarta 0,1 kg de plástico laboratorial limpo e 1,1 kg de plástico contaminado com resíduos biológicos por semana», revela Cláudia Monteiro. E, atualmente, “nenhuma destas categorias é objeto de reciclagem”.
Com o intuito de promover a reciclagem deste material,”conseguimos que o recente concurso para o serviço de tratamento de resíduos laboratoriais do i3S incluísse o requisito de recolha para reciclagem de plástico laboratorial limpo, por isso prevemos que este serviço seja implementado em breve», adianta a investigadora.
Em relação ao plástico laboratorial contaminado, existe um projeto com a Green Labs Portugal que tem como objetivo conseguir que também este material seja reciclado.