Cinema documental já terá visto. E cinema documental imersivo? Curioso? Basta inclinar o assento, para ter uma melhor perspetiva, e deixar que o semi-esférico (ecrã) reclame o aqui e agora. De 20 a 28 de novembro é mesmo isso que poderá experimentar na cúpula do Planetário do Porto, no âmbito de uma parceria com o Porto/Post/doc 2021 . E esta é apenas uma das propostas que a 8.ª edição do Festival de Cinema Documental traz este ano à Universidade do Porto. Mas vamos por partes…

Pode o cinema reproduzir os efeitos psicotrópicos da Ayahuasca (chá, com potencial alucinogénio, feito a partir de uma mistura de ervas)? Essa é a pergunta a que o realizador Jan Kounen tenta responder com Ayahuasca – the Kosmik Journey, através de animações ritualistas e de cânticos curativos dos Shipibo, povo indígena da floresta amazónica, recorrendo à experiência imersiva da projeção 360º em cúpula de planetário. A resposta pode ser desvendada nos dias 20 e 22 de novembro, às 17h30, no Planetário do Porto – Centro de Ciência Viva. Cada sessão inclui a exibição de mais duas curtas: Labyrinth, de Sergey Prokofyev, e Terra TV, de Marek Slipek.

Continuamos com propostas para uma experiência alucinante na escuridão, desta vez para a tarde (17h30) de domingo, dia 21, com repetição a 28 de novembro. Desta vez, a proposta passa pela exibição de Luces Recorren Mi Garganta, experiência de Lois Patiño e Xabier Erkizia para projeção em cúpula de planetário, que parte de projetos como Samsara, sobre o ciclo budista de vida e morte, e El sembrador de estrellas, em torno da paisagem noturna de Tóquio. A sessão será apresentada com uma curta: The Wind Slope, de Juliana Schwindt.

Tempo de agir

Do Planetário seguimos para a Casa Comum, ao edifício da Reitoria da U.Porto, para debater Ideias para Adiar o Fim do Mundo. Passa por aí a proposta do Fórum do Real, um encontro internacional, integrado no Porto/Post/Doc, que se propõe a pensar e discutir o cinema contemporâneo. As conversas acontecem à tarde (pelas 18h00) entre os dias 23 e 25 de novembro. Mas antes…

Da parte da manhã (dias 24, 25 e 26 de novembro) há uma Call to Action. Em discussão estarão temas como a defesa da natureza, soluções para uma vida saudável, narrativas ativistas, liberdade de género, políticas da identidade, entre outros.

Participam neste fórum o líder indígena e ativista, Ailton Krenak (autor do livro Ideias para Adiar o Fim do Mundo), a docente Elsa Cerqueira (vencedora do Global Teacher Prize 2021), o Gerador (plataforma de jornalismo independente), os jovens do Núcleo Greve Climática Estudantil, a programadora do Festival Queer Porto/Lisboa, Constança Carvalho Homem, e a revista Divergente.

As conversas arrancam às 11h00, têm entrada gratuita e serão transmitidas por streaming através das redes sociais do festival.

O líder indígena e ativista Ailton Krenak vai passar pela Casa Comum da U.Porto na manhã de 25 de novembro. (Foto: DR)

Identidade, Comunidade e Liberdade em destaque no Fórum do Real

Enquanto raiz, espaço de disputa e de resistência, Terra é o tema a germinar as conversas de dia 23 do Fórum do Real, com a presença confirmada do geógrafo Álvaro Domingues e da realizadora e documentarista colombiana Marta Rodriguez. Que instrumentos usamos para ler e compreender a terra? De que ferramentas dispomos para a trabalhar? Entre a Colômbia e Portugal, espera-se um diálogo sobre identidade e pertença, com moderação de Raquel Ribeiro, jornalista, escritora e professora

O segundo painel do Fórum do Real vai ser dedicado a uma das expressões mais antigas da sociabilidade que caracteriza a espécie humana: Comunidade. Dia 24 de novembro, participam deste encontro Laura Sobral, urbanista, fundadora do Instituto A Cidade Precisa de Você e autora do livro Fazer Juntos, e Rob Hopkins, co-fundador do Movimento para a Transição e autor, entre outras obras, de From What is to What If – unleashing the power of imagination to create the future We want, com moderação do jornalista Abel Coentrão.

Fórum do Real é um encontro internacional, integrado no Porto/Post/Doc, que se propõe a pensar e discutir o cinema contemporâneo. (Foto: DR)

O terceiro – e último – painel está marcado para 25 de novembro e propõe uma reflexão sobre o valor que damos ao que temos por adquirido. Que lugar ocupam na memória as lutas por amor à liberdade?  Pode haver liberdade sem pão? O que diz a emergência alimentar no mundo sobre a forma como vivemos? Para ajudar a audiência a encontrar respostas a estas questões sobre Liberdade, estarão: Pedro Matos, um geógrafo que se tornou trabalhador humanitário na ONU; João Pina, um fotojornalista que trabalha a memória (da operação Condor ao Tarrafal, passando pelas guerras entre povos); e Selma Uamusse, uma engenheira que na música abraça a liberdade da arte. A moderação ficará a cargo do jornalista Ricardo Alexandre.

O Porto/Post/Doc 2021 realiza-se entre os dias 20 e 30 de novembro e passa por diferentes espaços da cidade do Porto. À semelhança do que aconteceu em 2020, o festival contará ainda com uma extensão ao online, onde será possível visualizar grande parte dos filmes selecionados.

O programa completo das atividades acolhidas pela U.Porto pode ser consultado aqui.

Mais informações aqui.