A experiência científica MiFiRE (“Microgravity Fine Regolith Experiment”), desenvolvida por uma equipa da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), que, em 2020, ganhou uma competição do MIT Portugal, já tem data prevista para ir para o espaço.
No último ano, a equipa preparou uma espécie de laboratório científico que tem viagem marcada para o dia 25 de agosto, se tudo correr bem, a bordo de um payload da Blue Origin, no âmbito da missão P11. O objetivo é ajudar a explicar os mecanismos que estão por detrás da formação de planetas.
“Queremos perceber o papel das forças eletrostáticas nos pedaços de rocha aglutinada no sistema solar, ou seja, como é que partículas individuais se começam a juntar”, explica Rui Moura, docente do Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território (DGAOT) da FCUP.
Na caixa da MiFIRE, desenvolvida pelo docente da FCUP, Rui Moura, e por estudantes de mestrado do DGAOT, estará uma câmara que vai gravar toda a experiência, que terá a duração aproximada de cinco minutos. A câmara foi programada, numa colaboração com o INESC TEC, para ligar no momento da descolagem e desligar no da aterragem.
A experiência científica não termina com a viagem e promete dar muito material de estudo para a equipa da MiFIRE e, quem sabe, para trabalhos colaborativos de ciência com os estudantes: “Com os fotogramas do vídeo (que serão entre 60 a 90 fotogramas por segundo), podemos analisar, através de um software, como é que as partículas se deslocam e se existe algum padrão”, explica o docente da FCUP, que é, desde março deste ano, também investigador do INESC TEC, no Centro de Robótica e Sistemas Autónomos.
O tipo de microgravidade (gravidade zero) que se encontra nestes voos suborbitais (com uma altitude superior a 100 km acima do nível do mar) constitui um dos modos ideais para se testar esta experiência. Este feito foi conquistado pela equipa da FCUP ao vencer a competição nacional “Student Payload NanoLab Competition”, promovida pelo programa MIT Portugal.
Estes payloads científicos, em que veículos espaciais podem transportar, de forma autónoma ou com tripulantes, experiências a bordo, são promissores para a ciência.