Engenharias geram sinergias. E é nessa premissa que se inspira o ARISE – Produção Avançada e Sistemas Inteligentes, um dos novos Laboratórios Associados aprovados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e resultado de um consórcio entre diversas unidades de I&D portuguesas, liderado pelo SYSTEC – Centro de Investigação em Sistemas e Tecnologias da Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP). O objetivo? Apoiar a renovação e a reindustrialização dos sistemas de produção e de construção nacionais, no seio de um quadro de descarbonização que assegure a sustentabilidade ambiental e socioeconómica do país.
O novo Laboratório Associado, com um potencial claro de criação de emprego científico qualificado, reúne 255 investigadores das universidades de Coimbra, Porto e Minho e do Instituto Politécnico de Leiria, juntando sinergias essenciais para o desenvolvimento de investigação científica e técnica de excelência a ser aplicada em diversos setores, nomeadamente em Políticas Públicas e no Plano de Recuperação e Resiliência nacionais.
Com foco nas áreas de investigação de Sistemas Avançados de Produção, Construção, Robótica, Materiais, Energia, Gestão e Tecnologias de Informação, o consórcio cria um quadro interdisciplinar único que articula ciências e tecnologias fundamentais com os mais diversos ramos da Engenharia: Civil, Eletrotécnica, Mecânica e Materiais.
Ao SYSTEC, junta-se o Centro para o Desenvolvimento Rápido e Sustentado de Produto (CDRSP) do Instituto Politécnico de Leiria, o Centro de Engenharia Mecânica, Materiais e Processos (CEMMPRE) e o Instituto de Sistemas e Robótica (ISR-UC) da Universidade de Coimbra e o Instituto para a Sustentabilidade e Inovação em Estruturas de Engenharia (ISISE), uma unidade de investigação e desenvolvimento partilhada entre a Universidade do Minho e a de Coimbra.
Fernando Lobo Pereira, professor no Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores da FEUP e diretor do SYSTEC, foi nomeado coordenador do ARISE para o próximo biénio e sublinha a importância da associação de esforços a nível científico e tecnológico numa escala nacional.
“A articulação destas unidades de investigação e desenvolvimento perspetiva um papel significativo na constituição de um contexto de excelência científica orientada para os desafios dos sistemas de produção e construção nacionais, assegurando a sustentabilidade e a promoção da expansibilidade do emprego científico altamente qualificado”, explica o docente.
Funcionando como um polo de atração de oportunidades de emprego sustentável ao nível de doutorados, o ARISE permitirá ainda promover estratégias ambiciosas de I&D que abrem portas à participação de vários “stakeholders” nacionais e internacionais, contribuindo para uma maior competitividade a nível global das instituições de investigação.
Presente e futuro da inovação
As unidades de I&D que compõem a nova estrutura de investigação estão já envolvidas em múltiplos projetos e redes internacionais de forte visibilidade, como são os casos do Portuguese Additive Manufacturing Initiative (PAMI), do European Multidisciplinary Seafloor and water column Observatory (EMSO), do SHIFT2RAIL, do Vasco da Gama CoLAB, do HyLab – Green Hydrogen CoLAB e do Atlantic International Research Centre (AIR Centre), entre outros.
Alinhado com a estratégia de governação nacional na resposta às crises da atualidade, o novo Laboratório Associado pretende disponibilizar os seus recursos para a amplificação do valor e da resiliência da economia portuguesa, contribuindo para a diversificação dos produtos fabricados no país, promovendo o aumento da eficiência económica dos processos de produção e criando oportunidades para o aumento do valor acrescentado das empresas nacionais, com ênfase nas Pequenas e Médias Empresas (PMEs).
Mas o desafio vai além-fronteiras. O ARISE quer operar como um ativo global, em concordância com as estratégias do Pacto Ecológico Europeu no âmbito do programa Horizonte Europa da União Europeia, através do canal PERIN – Portugal in Europe Research and Innovation Network, assim como com os 17 objetivos das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável Mundial.
“Com um manancial de desafios técnico-científicos que se colocam à sociedade é ainda mais imperativo recorrer à excelência científica residente nestas unidades de I&D, configurando esta estrutura multidisciplinar de investigação como um “player” no endereçamento de grandes questões e projetos à escala global.”, conclui o coordenador do Laboratório Associado, acrescentando que o ARISE já perspetiva projetos de maior envergadura num futuro próximo.