Um estudo desenvolvido por investigadores do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (ICBAS-UP), juntamente com outros parceiros nacionais e internacionais, sugere que uma alimentação com elevado teor de gordura na infância e adolescência poderá ter implicações irreversíveis na qualidade do esperma de um homem adulto, podendo estar associada a problemas de infertilidade masculina.

Realizado com base no comportamento de ratos (mus musculus) jovens do sexo masculino, o estudo mostrou que a dieta rica em gordura afetou negativamente o metabolismo testicular dos animais.

Os problemas detetados incluem a acumulação de ácidos gordos com efeito pro-inflamatório e simultaneamente, a inibição das defesas antioxidantes nos testículos.

Em conjunto, estas alterações afetam negativamente a qualidade do esperma dos indivíduos adultos, mesmo daqueles a que, numa fase posterior do estudo, foi aplicada uma dieta padrão, nutricionalmente equilibrada. Particularmente, os ratos que foram alvo de uma alimentação rica em gordura apresentaram maior prevalência de espermatozoides com graves deformações.

Mas nem tudo é mau…

Apesar de tudo, a dieta parece não ter impacto a nível hormonal e a redução de gordura na dieta ajudou a reverter os níveis elevados de açúcar no sangue.

Além disso, o grupo que melhorou a sua rotina alimentar mostrou sinais de lipólise – processo de quebrar gorduras no corpo – um sinal positivo. No entanto, o restabelecimento do normal metabolismo testicular é demasiado lento para que sejam recuperados os parâmetros espermáticos normais.

Os resultados deste estudo pioneiro, publicado no American Journal of Physiology-Endocrinology and Metabolism, apresentam mais um argumento para a importância de prevenir a obesidade infantil e juvenil, uma doença cada vez mais comum em todo o mundo

Liderada pelos investigadores Marco Alves e Luís Crisóstomo, da Unidade Multidisciplinar de Investigação Biomédica (UMIB), sediada no ICBAS,  equipa contou ainda com a participação de Romeu A. Videira, Ivana Jarak e Pedro F. Oliveira.

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