Vai ser inaugurada no próxima sábado, 20 de junho, na Casa-Museu Abel Salazar (CMAS), a exposição Obsessões e Resistências, composta por desenhos da autoria do artista plástico Mário Vitória.
Nesta exposição, o antigo estudante da Universidade do Porto apresenta um conjunto de desenhos que refletem uma faceta da sua obra “geralmente dedicada à parte submersa do atelier, ou seja, aos primeiros impulsos gráficos, os desenhos germinais, as maquetas, os cadernos de desenho. São esses desenhos feitos de ânsias e expectativas, são desenhos com uma certa compulsividade que podemos de um modo imediato corresponder com Abel Salazar.”
Mário Vitória, que realizou estudos intermédios em Lyon (França), Bolonha (Itália) e Sheffield (Inglaterra), licenciou-se em Pintura e fez Mestrado em Práticas e Teorias do Desenho na Faculdade de Belas Artes da U.Porto (FBAUP). É mestre também pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da U.Porto (FPCEUP) na área das Artes Visuais.
Sobre a sua obra já escreveram vários autores da cultura portuguesa, como Boaventura de Sousa Santos, João Pinharanda, Bernardo Pinto de Almeida, Fernando António Baptista Pereira, Laura Castro, Gonçalo M Tavares, Ana Zanatti, José Luís Peixoto, Valter Hugo Mãe, Artur Cruzeiro Seixas, Manuel António Ribeiro e Ana Luísa Barão.
Representado em inúmeras coleções oficiais e particulares, nacionais e internacionais, Mário Vitória refere que o seu trabalho “é terreno subversivo e contra limites”, e que “a arte gera significados conflituosos, enunciados que promovem e exigem muitas vezes exercícios de leitura e descodificação, reposicionando no espectador crenças e expectativas em relação a algo, sendo aqui que encontro o seu grande trunfo de utilidade cívica e humanitária.”
Pensar a obra de Abel Salazar nos dias de hoje
Obsessões e Resistências é a segunda exposição do ciclo O desenho contemporâneo em diálogo com a obra de Abel Salazar, promovido pela Casa-Museu Abel Salazar e com curadoria de Sílvia Simões. Pretende-se com esta iniciativa colocar a obra do professor histórico da U.Porto numa relação dialógica com desenhos de outros artistas contemporâneos salientando não só, a relevância, mas a pertinência destes mesmos desenhos na atualidade.
No caso específico de Mário Vitória, “procurei no acervo do artista, desenhos de carácter mais operativo, desenhos que pensam e se pensam para um outro suporte e meio, e que por isso, são desenhos que não têm como objetivo primeiro serem mostrados. São desenhos íntimos, onde o autor fixa as suas deambulações, devaneios e apontamentos, que poderão ou não crescerem para um outro objeto, uma outra ideia”, apresenta Sílvia Simões.
A curadora nota ainda que “este lado obsessivo «de pensar com o lápis na mão» visível no trabalho do Mário, está também muito presente nos desenhos realizados por Abel Salazar, que se auxiliou do desenho como instrumento para fixar e entender o mundo que o rodeava”.
A inauguração da exposição do ciclo está marcada para sábado, dia 20 de junho, pelas 17h00, e ficará patente ao público até dia 19 de setembro.
A entrada é livre.