Os arquitetos Luís Ribeiro da Silva e Margarida Quintã, ambos formados na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP), são os vencedores da 15.ª edição do Prémio Fernando Távora, entregue no passado dia 7 de outubro, na sede da Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitectos (OASRN).

Este galardão, criado em 2005 em homenagem ao arquiteto Fernando Távora (1923-2005), consiste numa bolsa de viagem no valor de 6.000 euros, destinada à melhor proposta de viagem de investigação selecionada por um júri nomeado todos os anos para o efeito.

Este ano, Luís Ribeiro da Silva e Margarida Quintã destacaram-se então com a proposta “As Fronteiras do México”, através da qual se propõem a explorar “o impacto da arquitetura e do urbanismo na intermediação dos problemas afectos às demarcações territoriais, às migrações e à dimensão transfronteiriça do bem-estar dos povos”.

O itinerário proposto organiza-se ao longo da fronteira do norte do México com os Estados Unidos da América, das fronteiras do sul do México com a Guatemala e com o Belize.

Tendo como foco a diversidade das situações de fronteira do México, os dois alumni da FAUP pretendem “estudar a diversidade dos sistemas de relações de interdependência que cada situação de fronteira articula”. O objetivo é que “através do reconhecimento da unicidade e da complexidade formulada por cada uma destas situações”, seja possível “pensar sobre a eficácia da construção de barreiras físicas no contexto da resolução de algumas das mais urgentes questões humanitárias e ambientais contemporâneas”, lê-se na sinopse da proposta.

Caminhos paralelos

Natural do Porto, Luís Ribeiro da Silva (1982) formou-se na FAUP em 2007, tendo-se distinguido como o melhor aluno do seu curso. Obteve o grau de mestre na Graduate School of Architecture, Planning and Preservation da Universidade de Columbia, em Nova Iorque (2010), e doutorou-se no Instituto para a História e Teoria da Arquitectura do Instituto Federal de Tecnologia em Zurique, Suíça (2018). Em 2011, fundou o estúdio Ursa, onde trabalha em parceria com Margarida Quintã.

Também natural do Porto e formada na FAUP em 2007, Margarida Quintã (1981) é doutoranda na Escola Politécnica Federal de Lausanne, na Suíça, e no Instituto Superior Técnico, em Lisboa, onde desenvolve investigação sobre a problemática do comportamento climático das construções no contexto do continente africano. Trabalha desde 2015 no estúdio Ursa.

Sobre o Prémio

Organizado pela OASRN, o Prémio Fernando Távora tem como objetivo incentivar e valorizar a Viagem de Investigação enquanto instrumento de formação do arquiteto. Parte-se para isso do exemplo de Távora que, enquanto arquiteto e pedagogo, viajou pelos vários continentes para estudar a arquitetura de todas as épocas, tendo influenciado sucessivas gerações de arquitetos.

Esta é a quinta vez, nos últimos seis anos, que o galardão é entregue a antigos estudantes e/ou investigadores da “Escola do Porto”. Em edições anteriores, venceram, entre outros, os alumni da FAUP Maria MoitaSidh MendirattaPaulo MoreiraAndré Tavares e Isa. Clara Neves, e as investigadoras do Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo da FAUP (CEAU-FAUP)Susana Ventura e Maria Neto.

Em 2018, o prémio foi atribuído pela primeira vez a uma proposta em coautoria, da autoria de um coletivo de arquitetos composto por Filipa de Castro Guerreiro e Carla Garrido de Oliveira, ambas professoras e investigadoras da FAUP e do CEAU-FAUP, e por Pedro Bragança, também ele  investigador do CEAU-FAUP.