Ligação entre as duas entidades tem garantido a realização anual de um dos maiores exercícios de demonstração de Veículos Não Tripulados da Europa. (Foto: DR)

Laboratório de Sistemas e Tecnologia Subaquática (LSTS) da Faculdade  de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e a Marinha Portuguesa assinaram no passado dia 1 de março um protocolo de cooperação que visa reforçar e alargar o âmbito da colaboração – estabelecida desde 2006 – entre as duas entidades e potenciar a realização de projetos de interesse comum no domínio dos sistemas robóticos.

Formalizada numa cerimónia conduzida por António Sousa Pereira, Reitor da U.Porto e por João Falcão e Cunha, Diretor da FEUP, e que contou também com a presença de António Maria Mendes Calado, Chefe de Estado-Maior da Armada, a assinatura deste protocolo é o ponto alto de um trabalho de aproximação e colaboração de mais de 10 anos entres as duas organizações, na área dos sistemas robóticos. De acordo com a Marinha Portuguesa, esta é uma área importante para “incrementar os resultados operacionais da Marinha, acrescentando eficácia e flexibilidade operacional, ao mesmo tempo que permite otimizar os recursos disponíveis”.

É  no âmbito dessa ligação que a Marinha Portuguesa e o LSTS têm garantido, desde 2010, a edição anual do Rapid Environmental Picture Atlantic Exercise (REP), cuja organização passou a envolver também, a partir de 2014, o Centre for Maritime Research and Experimentation (CMRE) da NATO. Trata-se de um dos maiores exercícios de demonstração de Veículos Não Tripulados da Europa, onde os veículos autónomos são testados em mar aberto, com o objetivo de avaliar a capacidade operacional em redes homogéneas e heterogéneas de veículos.

Como explica João Borges de Sousa, diretor do LSTS, “a maior parte do equipamento é colocado em ação a partir de navios da Marinha Portuguesa e controlado através da Toolchain do LSTS”, um software que permite o funcionamento conjunto e cooperativo dos veículos em diferentes tipos de missão de demonstração, que já é utilizado por várias organizações, em mais de 15 países.

Criado em 1997, o LSTS dedica-se à conceção, desenvolvimento e integração de veículos autónomos subaquáticos, aéreos e de superfície, para implementação de sistemas em rede, procurando contribuir para uma observação sustentável dos oceanos. Nessa ótica, o LSTS tem mantido uma ativa cooperação nacional e internacional, onde se incluem colaborações com entidades americanas de renome como NASA-Ames, Universidade do Hawaii, Monterey Bay Aquarium Research Institute e Naval Undersea Warfare Center, bem como com outros parceiros na Europa, como o National Oceanography Center no Reino Unido, a NTNU na Noruega e o Ifremer em França. Fruto também dos esforços para a promoção e reforço de uma rede de excelência, o LSTS lidera o EUMarineRobots, um projeto europeu que envolve alguns dos principais atores na área da robótica submarina europeia e que oferece, a investigadores de todo o mundo, o acesso a infraestruturas robóticas de referência.

Com uma das maiores frotas de veículos submarinos autónomos no mundo, o LSTS tem conquistado, de forma continuada e particularmente bem sucedida, o reconhecimento nacional e internacional pelo trabalho desenvolvido.

“A atividade do nosso grupo de investigação tem, na verdade, uma vertente operacional muito forte”, refere João Borges de Sousa, destacando a campanha oceanográfica realizada em junho do ano passado, a cerca de 1800 quilómetros da costa de San Diego, EUA. O objetivo principal passou pelo estudo da frente subtropical do Pacífico Norte e a expedição realizou-se a bordo do R/V Falkor do Schimdt Ocean Institute.  Para o responsável do LSTS este foi um bom exemplo da capacidade operacional do laboratório:  “tratou-se de um esforço operacional 24/7, onde os nossos veículos submarinos percorreram perto de 1000 milhas náuticas”.