A Rede ibero-americana de Estudos em Homens que têm Sexo com Homens (HSH) e mulheres transgénero – uma iniciativa que visa promover a investigação sobre o bem-estar e a saúde geral dos homens gays, bissexuais, outros HSH e mulheres transgénero na América Latina – foi publicamente apresentada em Lisboa, no dia 12 de setembro, durante o XIII Congresso da Associação Portuguesa de Epidemiologia/ XXXVI Reunião Científica Anual da Sociedade Espanhola de Epidemiologia.
Criada por um grupo de investigadores, instituições académicas, centros de investigação e organizações de base comunitária de diferentes países da América Latina e de organizações de Espanha e Portugal, esta Rede tem como objetivo fornecer “informações que permitam propor e garantir uma resposta eficaz ao VIH e outras infeções sexualmente transmissíveis e outros problemas de saúde que afetam estas populações”, explica Paula Meireles, investigadora no Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), instituição que integra a Comissão Diretiva da Rede, através da figura de Henrique Barros, investigador principal neste estudo.
A Comissão Diretiva, que inclui instituições e investigadores do Brasil, Chile, Perú, Guatemala, Espanha e Portugal, este último através do ISPUP, tem a função de gerir a Rede e de conseguir a sua consolidação e expansão, procurando envolver outros investigadores, centros académicos, grupos de investigação e organizações da sociedade civil na América Latina.
A primeira atividade da Rede foi a implementação do estudo Latin America MSM Internet Survey (LAMIS 2018), um inquérito online dirigido a HSH na América Latina, com o objetivo de recolher dados sobre a saúde sexual desta população e elaborar recomendações para atualização das estratégias de prevenção do VIH e outras infeções sexualmente transmissíveis.
Este inquérito trata-se da versão latino-americana do EMIS (European MSM Internet Survey), o maior inquérito alguma vez dirigido aos HSH na Europa, e que foi coordenado em Portugal pelo ISPUP e pelo Grupo Português de Ativistas em Tratamentos VIH/SIDA (GAT), e cujo relatório está disponível Aqui.
“Agora, espera-se estabelecer novas colaborações com outros investigadores e outros países para o estudo sobre HSH e mulheres transgénero e a saúde destas populações na América Latina. Queremos responder a questões específicas sobre a saúde destas populações”, adianta Paula Meireles.
A Rede foi apresentada publicamente durante o Congresso e contou com as intervenções de Maria Amélia Veras, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, de Carlos Cáceres, da Facultad de Salud Pública, Universidad Peruana Cayetano Heredia, de Henrique Barros, da Unidade de Investigação em Epidemilogia (EPIUnit) do ISPUP e de Jordi Casabona, do Centre d’Estudis Epidemiològics sobre les Infeccions de Transmissió Sexual i Sida de Catalunya. A Coordenadora do Programa Nacional para a Infeção do VIH e SIDA, Isabel Aldir, esteve também presente.
O VIH é um importante problema de saúde pública. A ONUSIDA estabeleceu, até 2020, a meta “90-90-90”, que prevê que 90% das pessoas que vivem com o VIH sejam diagnosticadas, 90% dos diagnosticados iniciem o tratamento e 90% das pessoas que recebam tratamento tenham carga viral suprimida.
“Por esse motivo, é altura de redobrar esforços para perceber porque é que há grupos específicos e determinadas regiões no Globo que se encontram mais atrasadas no alcance desses objetivos. E a América Latina é uma das regiões que tem recebido menos atenção global”, remata.