Salvar vidas através da redução de erros na utilização de dispositivos médicos. É esta a motivação dos investigadores do INESC TEC que participam num programa internacional que tem como objetivo reduzir o número de erros associados à utilização dos equipamentos, tais como monitores de glicose ou máquinas de hemodiálise, melhorando a sua segurança e consequente performance.
Um estudo da Food and Drug Administration (FDA) realizado entre 2012 e 2015, também com a colaboração do INESC TEC, analisou 7.700 ordens de recolha de dispositivos e concluiu que 12% dessas ordens se deviam a problemas de software, muitos dos quais detetados através da interação entre os profissionais e o equipamento. Em 2% dos casos, esses dispositivos podiam ainda fazer com que os profissionais de saúde a tomassem decisões que colocavam em risco a vida dos pacientes.
O ‘Medical Device Interoperability‘ trata-se de um programa de investigação coordenado pela FDA, a agência norte-americana responsável pelo controlo de produtos para consumo alimentar, drogas e dispositivos médicos, que pretende desta forma criar normas que sirvam de referência não só para os Estados Unidos, mas também para a Europa, incluindo Portugal.
“O grande objetivo do programa de investigação ‘Medical Device Interoperability‘ é transformar a forma como os dispositivos médicos são desenhados, testados, comprados e usados, reduzindo o número de erros médicos e, de certa forma, salvando vidas”, explicam José Creissac (professor na Universidade do Minho) e Paolo Masci, investigadores do INESC TEC e elementos integrantes da única equipa de Portugal a trabalhar neste programa.
Uma das preocupações principais do programa consiste em garantir que, tanto o desenvolvimento, como a produção desses equipamentos sejam acompanhados de informação sobre características, desempenho e funcionamento, para que os profissionais possam usá-los com segurança.
Hoje em dia, tanto os profissionais de saúde como os próprios pacientes confiam no desempenho rápido dos equipamentos médicos ao seu dispor, tais como bombas de injeção, monitores cardíacos e dispositivos para a diabetes. “É, por isso, importante que esses dispositivos comuniquem e operem de forma confiável em conjunto”, reforçam os investigadores.
Segundo a equipa, os erros na capacidade de um sistema interagir e comunicar com outro (também designados erros de interoperabilidade), podem originar falhas de comunicação, impedindo um dispositivo de reagir adequadamente a um alarme originado por outro, por exemplo. Por outro lado, as diferenças nas unidades de medida de cada dispositivo podem criar discrepâncias no desempenho dos vários dispositivos.
A colaboração neste programa inclui ainda hospitais, cuidadores, empresas e outras organizações relacionadas com o tema.